Como montar suas prioridades em 2022, começando por você…
É comum as pessoas se queixarem por estarem caminhando em círculos dentro da própria vida, ou que estão se esforçando muito e não estão chegando em lugar algum. Dentro desse cenário de frustração, vale um questionamento: o quanto essas pessoas estão se planejamento para alcançarem a vida que desejam? Falo isso, porque uma causa comum para esse tipo de frustração é que a maioria das pessoas não direciona sua energia em um foco específico e por isso, acabam se se sentindo decepcionadas por não verem sua vida avançar. Tenho certeza de que você não quer que isso aconteça com você, certo? Sendo assim, se nesse novo ano você quer mudar de alguma forma sua vida, seja ter mais qualidade de tempo, avançar na carreira ou ter prosperidade financeira, uma coisa é fato, você precisa ter um bom plano! E aí, já parou para pensar por onde começar? A palavra é: planejamento pessoal! Ter um planejamento pessoal vai te ajudar a definir suas metas e objetivos para 2022, além de te ajudar a direcionar suas ações rumo a realização. É importante que nesse planejamento, tenha prazos e recursos para concretização de cada objetivo. Assim, você não terá espaço para distração e conseguirá manter o foco com mais facilidade. Quando apenas deixamos que as coisas aconteçam, sem planejar, corremos o risco de tomarmos decisões ruins e que, muitas vezes, podem nos prejudicar. O ideal é que você seja cada vez mais objetivo em relação aos seus desejos, pois assim, seus sonhos ganharão clareza dentro da sua mente e você se sentirá mais confiante em suas realizações. 5 dicas para priorizar o que é importante para você. Para começar a construir um planejamento pessoal, uma boa dica é responder algumas perguntas-chaves, por exemplo:– como, quando, por que (propósito), onde e com quem você vai realizar tal meta? Depois de ter feito isso, você conseguirá visualizar cada meta com mais clareza e abaixo, deixo 5 dicas para que você se mantenha no caminho das suas realizações. Defina suas metas – As metas são o seu norte! Lembre dos motivos pelos quais decidiu lutar por elas. Com certeza, se elas são as primeiras coisas que vem à sua cabeça, elas são importantes! Seja pé no chão – Ao definir seus objetivos seja sempre o mais verdadeiro possível. Sonhe com os pés no chão e trabalhe dentro das possibilidades reais. Do contrário, na primeira dificuldade você desistirá. Cuidado com seus pontos fracos – Para realizarmos qualquer coisa na vida precisamos conhecer quais são os desafios que podem nos impedir de realizar nossos sonhos. Por isso, faça uma auto-observação, identifique os pensamentos e comportamentos que podem te prejudicar durante o processo. Tenha foco – Se você realmente quer chegar a algum lugar precisa manter-se no caminho certo. Seu objetivo depende diretamente do seu comprometimento. Lembre-se disso e não deixe que sentimentos de dúvida, medo e ansiedade te sabotem. Motive-se – Do mesmo modo que é preciso focar, é preciso se motivar todos os dias. Manter-se conectado aos motivos pelos quais você quer atingir suas metas. Por isso, pensar em recompensas no dia a dia por fazer escolhas rumo aos seus objetivos te ajudará a ser sentir presenteado por estar no caminho certo. No mais, se você se organiza e acredita, pode e vai realizar todos os seus objetivos. Siga em frente!
No novo ano, como fugir das resoluções e mudar o que realmente é importante para você?
Dois mil e vinte e dois chegou, e para a maioria das pessoas o começo do ano significa a possibilidade de mudanças. Prosperar financeiramente, mudar um antigo hábito, aprender algo novo, passar mais tempo com a família… Seja qual for a mudança, uma coisa é fato: o início do ano desperta a reflexão sobre o que deu certo, o que deu errado e o que mudar em relação ao ano que passou. No entanto, para que as mudanças aconteçam de fato é importante juntar pontos de reflexão com pontos de ação. Afinal, não dá para viver só no campo das ideias, não é mesmo? É preciso botar as mudanças em prática. Por isso, nessa leitura, te convido a dar o primeiro passo rumo as resoluções de ano novo. O que é realmente importante para você? Quais são as suas prioridades? Pense, hoje, em como está a sua vida e como você gostaria que ela fosse. Quais são os seus problemas? Você está no (seu) caminho certo ou precisa alterar a rota? Me conta, o que você quer de verdade? Qual é aquele sonho que passa todos os dias pela sua cabeça? Cá entre nós, essa tarefa é bem mais simples do que parece. A gente sempre sabe o que precisa ser transformado. O que nos falta, na maioria das vezes, é coragem para assumir isso. É hora de colocar-se em primeiro lugar! Esqueça o que as pessoas vão achar ou falar. Pense: o que vale a pena mudar e que vai trazer um bem enorme para a sua vida? Responda e refaça essas perguntas sempre que possível, elas trarão a clareza necessária para transformar sua vida. Escolha seus objetivos! Em seguida, saia do mundo das ideias e dê o próximo passo, trabalhe em direção aos seus objetivos. Para facilitar, defina objetivos de curto, médio e longo prazo alinhados com a vida que você quer ter, esse será seu norte, o que faz teu coração vibrar. Coloquei abaixo um exemplo de como você pode fazer isso. Escreva em um papel os setores da sua vida (trabalho, relacionamento, saúde…) Elenque objetivos para cada um deles; Classifique cada um por ordem de prioridade; Revise toda a lista, filtrando o que realmente deveria estar ali e o que pode sair; Identifique quais são as ações que você precisa tomar para realizar cada uma das metas; Determine prazos para cada um dos itens; Comece a agir; Revise o que você está conseguindo realizar regularmente. Dica: opte por objetivos que mantenham os seus pés no chão. Considere ações possíveis dentro da sua situação atual para criar seu destino. Assim, você manterá seu foco para as ações diárias e ainda traz a sensação de que você está progredindo dentro de um cronograma possível.
Por que a autocompaixão é importante para todos nós
O que é a autocompaixão A compaixão e a autocompaixão se referem as mesmas emoções, porém, direcionadas a sujeitos diferentes, ou seja, se a primeira trata dos sentimentos de empatia e compreensão perante o sofrimento de outra pessoa, quando estes mesmos sentimentos são aplicados a si mesmo, trata-se da autocompaixão. Quando vemos uma pessoa querida passar por algum momento difícil, enfrentar algum desafio pessoal ou cometer falhas, normalmente agimos com carinho e não com punição. Nós reconhecemos que a imperfeição faz parte da experiência humana, o que em outras palavras significa exercer a compaixão. Entretanto, em nossa sociedade, aprendemos a exigir muito de nós mesmos, na maioria das vezes, em busca da perfeição ou de grandes resultados. Dessa forma, a autocrítica parece ser o caminho para o sucesso. Mas, a autocrítica exagerada pode levar à baixa autoestima, depressão, ansiedade etc. Por que a autocompaixão é importante? Na autoavaliação, um erro é apenas algo que deve ser corrigido e superado. Na autocrítica, um erro torna-se sinal de fracasso e, ao sentir que falhamos, somos tomados pelo sentimento de culpa. Quando não cultivamos a autocompaixão, somos muito duros e rígidos conosco, temos dificuldade em aceitar nossos erros e nos culpamos por eles. Nos cobramos para sermos perfeitos, e nos desapontamos com as expectativas altas que criamos. Nos julgamos pelos nossos pensamentos e emoções não prazerosos, e no punimos. Você percebe que essa quantidade de carga mental negativa pode afetar a sua saúde mental? Portanto, reverter essa situação e cultivar a autocompaixão possibilita uma série de benefícios, como: redução dos sintomas de estresse e depressão aumento da liberação do hormônio de ocitocina no corpo, responsável pelas emoções prazerosas diminuição da autocrítica e da sensação de isolamento aumento da conexão entre as pessoas aumento de comportamentos pró-sociais, como a compaixão e a empatia. Como desenvolver a autocompaixão? A habilidade de ser (auto)compassivo pode ser treinada. A autocompaixão pode ser desenvolvida através de uma variedade de exercícios, bem como através da psicoterapia. Um desses exercícios é você olhar para a sua autocrítica como uma crítica dirigida a um amigo. Se as palavras são muito duras para alguém que você gosta, então provavelmente também o são para si. De uma forma geral, tendemos a aceitar melhor as falhas dos outros do que as nossas próprias. Por isso, quando reconstruímos as críticas e aprendemos a aceitar as nossas imperfeições, aumentamos a autocompaixão.
Transtorno de Ansiedade: fique atenta para descobrir se você tem
Antes de mais nada, é importante entender que a ansiedade por si só não é algo negativo! Cá entre nós, ter um pouco de ansiedade no dia a dia é normal. Ok? Por exemplo, nada mais normal que sentir ansiedade antes de um evento importante ou antes de um encontro com uma pessoa que você nunca viu. Visto que a ansiedade está intimamente ligada aos sentimentos de preocupação, nervosismo e medo intenso. Ou seja, uma pessoa pode se sentir ansiosa quando acredita que existe algum um risco futuro ou uma ameaça. Mas, apesar de ser uma reação natural do corpo, a ansiedade pode virar um distúrbio quando passa a atrapalhar o dia a dia, e infelizmente essa é uma situação mais comum do que se imagina. Veja só, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 264 milhões de pessoas sofrem de algum transtorno de ansiedade ao redor do mundo! Entretanto, o que precisa ficar claro é a principal diferença da ansiedade normal para o transtorno de ansiedade, este último sim, causa prejuízos na vida de quem sofre! Transtorno de Ansiedade O Transtorno de Ansiedade é a preocupação excessiva combinado com o estresse recorrente, por serem excessivos ou persistirem por um longo período acabam afetando a rotina. Embora haja diversos tipos de transtornos de ansiedade, é possível encontrar um padrão entre eles. Para que você entenda melhor, separei alguns dos sintomas mais comuns de um transtorno de ansiedade: Fala acelerada Respiração ofegante e falta de ar Sensação de tremor e vontade de roer as unhas Agitação de pernas e braços Tensão muscular Irritabilidade Enxaquecas Boca seca e hipersensibilidade de paladar Insônia Preocupação excessiva Dificuldade de concentração Medo constante Sensação de que vai perder o controle ou que algo ruim vai acontecer Desequilíbrio dos pensamentos Sensação de ser um observador externo da própria vida (despersonalização) Sentir-se desconectado de seus ambientes (desrealização) Se você quer saber se sofre de de Ansiedade ou de Transtorno de Ansiedade Generalizada, fique atento a esses sintomas e ao período de duração de cada um deles, caso passem a atrapalhar seu dia a dia, procure por ajuda.
Nenhum psicólogo vai resolver os seus problemas, apenas você.
O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo! São mais de 18 milhões de pessoas que sofrem de transtorno de ansiedade, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Além disso, a pandemia da Covid-19 também afetou a saúde emocional e mental dos brasileiros e por consequência, a procura por atendimentos psicológicos cresceu. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) calcula que a demanda aumentou 82% em consultórios particulares de todo o país. Por que buscar ajuda na psicologia? A psicologia é a ciência que irá buscar a compreensão sobre como o ser humano cria a suas próprias narrativas. Sendo assim, o psicólogo identifica traumas, medos e receios que podem acarretar uma vida frustrada. O papel do psicólogo é conduzir a pessoa para à autodescoberta, à compreensão sobre as suas dificuldades e a forma com que se relaciona com o seu “mundo interior” e exterior. Para isso, ele aplica métodos científicos, a fim de compreender a psiquê humana e atuar no tratamento e prevenção de doenças mentais e melhorar a qualidade de vida do indivíduo. Ele vai acolher e ouvir, sem julgamento, o sofrimento e a queixa trazida, trabalhando o que está por trás deles, conduzindo a pessoa em um processo de aceitação e mudança. Isso acaba diminuindo a dor e o sofrimento da pessoa. Ouvir o paciente ajuda a fortalecer a sua autoestima, conexão com o mundo e a achar sua força interior, diminuindo as defesas que lhe afastam da realidade. Conduzir no entendimento das emoções, ajuda para que o paciente as identifique mais facilmente, fortalecendo seus recursos psíquicos para lidar com as angústias da vida. Entretanto, um passo importante na busca por ajuda profissional, é estar disposto a encarar os incômodos que irão surgir dessa escolha. Muitas vezes, ignorar as emoções pode parecer melhor do que de fato entendê-las, interpretá-las e resolvê-las, portanto, manter a vontade de passar pelos desafios e incômodos para encontrar uma vida mais satisfatória é de suma importância nessa jornada.
Por que jovens negros tem mais chance a depressão
Você sabia que o Brasil ocupa o topo do ranking no número de casos de depressão na América Latina? Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 12 milhões de pessoas são afetadas pela doença no país! Inclusive, na faixa etária de 10 a 29 anos, o número dos casos de transtornos mentais também é preocupante, especialmente entre jovens negros, que chegam a ter 45% mais chances de desenvolver depressão que um jovem branco. Por isso, precisamos urgentemente olhar para a saúde mental dos jovens negros! Um ponto de partida para entender esse cenário é falar sobre raça, esse tema nos ajuda a entender como pretos e brancos são percebidos no Brasil, e consequentemente, as diferenças nas maneiras em que são tratados. Existe no Brasil um imaginário racial que, infelizmente, inferioriza pessoas negras, criado desde o período da escravidão, com a desumanização do povo africano os transformando em escravo, acompanhado de uma ideologia de dominação racial que valoriza a cultura de sociedades brancas e desvaloriza a herança das culturas de origem africana. Entretanto, além da escravização, temos as políticas de miscigenação e branqueamento, mortalidade infantil, encarceramento em massa, subemprego, desemprego e miséria, que são algumas das expressões do racismo atual na nossa sociedade. Infelizmente, o racismo está presente desde a infância até a vida adulta da população negra, e podemos ver o impacto devastador disso, através de sentimentos de inferioridade, baixa autoestima, sentimentos de vergonha, culpa, medo, angústia, ansiedade, insegurança, inadequação, autocobrança excessiva, rigidez… Para inverter este quadro precisamos combinar uma série de fatores, como por exemplo, políticas públicas de combate e a valorização dos movimentos sociais. É possível e preciso sentir prazer e orgulho de ser quem se é, cultivando amor interior e atuando coletivamente para podermos curar as sequelas do racismo.
Saúde mental e maternidade: como se manter com a cabeça em dia
A gestação e a maternidade trazem importantes mudanças na vida das mulheres, assim como na vida do casal e de toda família ao redor. Por isso, é muito importante cuidar de todos os sentimentos, emoções e pensamentos que vão aparecendo durante esse processo. Existe um termo que vem ganhando destaque dentro desse contexto que é o pré-natal psicológico. Você já ouviu falar? O pré-natal psicológico é uma prática complementar ao pré-natal tradicional, voltado para maior humanização do processo gestacional, e se propõe a prevenir algumas situações potencialmente prejudiciais para a saúde psicológica da mulher decorrentes desse período. Ele se comporta como um espaço para que a mulher possa falar o que sente, sem julgamentos e através disso pensar em novas possibilidades de ação e resolução dos conflitos que surgem em consequência do novo momento. Isso porque, geralmente a maternidade traz sentimentos muito ambíguos. Hora sentimentos que a mulher julga como positivo, hora sentimentos que julga como negativo. Por exemplo, medo do futuro, medo da mudança do corpo, baixa libido, ansiedade em relação ao parto, entre outros. Para mulher, é um momento de mudança total, com muitos lutos para administrar. O espaço do pré-natal psicológico ganha espaço à medida que paramos de entender a maternidade como algo instintivo e começamos a olhar como uma relação que se constrói, desde a gestão até o nascimento e criação do filho. Por isso, é completamente normal sentir todo e qualquer tipo de sentimento. Ou seja, o pré-natal psicológico aparece como uma prevenção do adoecimento e também como fortalecimento emocional da mulher, de toda a rede apoio que está em volta dela e os preparam para a chegada dessa nova vida que está por vir.
O valor da amizade para a sua saúde mental
“Quem tem um amigo tem tudo Se o poço devorar, ele busca no fundo” já dizia Emicida na música que fez com Zeca Pagodinho e com a Tokyo Ska Paradise Orchestra. Um amigo, segundo ele, “É um ombro pra chorar depois do fim do mundo”. Somando à verdade secular, a música de 2020 mostra também que as relações de amizade são ótimas para nossa saúde mental, sendo indispensável para qualquer pessoa, quase como um instinto, uma resposta natural ao que é estar vivo. Mas a amizade não é algo que se recebe apenas. Estar lá na alegria e na tristeza, e oferecer apoio é uma via de mão dupla. Na maioria das vezes, isso acontece com contato físico, e promove saúde física e emocional. Temos falado bastante aqui no blog sobre saúde mental e também sobre como a pandemia, que obrigou milhões de pessoas a se isolarem, afetou o bem-estar geral, desencadeando um aumento nos números de indivíduos com ansiedade e depressão. O toque físico, extremamente necessário segundo a ciência, e as trocas de experiências ficaram em segundo plano, em um mundo que fundiu ainda mais a vida profissional com a pessoal. A verdade é que ninguém está bem. Aliás, como poderia? O cansaço causado pelas telas nos fazem usá-las para trabalhar, estudar ou para os famosos streams, não muito mais que isso. Quase não sobra tempo para festinhas virtuais ou para ouvir por horas aquele amigo que a gente ama. Ouvir longamente uma fofoca, como fazíamos na mesa do bar, é quase impossível. Passar um dia viajando, criando boas memórias, também. Não quero parecer negativa, mas é um fato que a pandemia afetou para sempre a forma como nos relacionamos. Como, então, podemos tentar driblar todas essas questões? Vou compartilhar ações que funcionam para mim. Se você achar que eu posso acrescentar algo, me conta nos comentários? Primeiro de tudo, eu preciso me sentir bem comigo mesma. Como vou poder oferecer um tempo de qualidade para alguém que eu amo se estou com enxaqueca ou estresse nas alturas por conta do meu trabalho? Por isso, separo pequenos intervalos de tempo para meditar, respirar fundo, fazer um escalda pés, usar um óleo essencial, tomar um chá, ver um filme bobo. Aqui, qualquer coisa que me acalme está valendo. Quando me sinto bem de uma forma minimamente mensurável, mando aquela famigerada mensagem do ‘oi sumida(o)’, mas sem pressão ou pedindo resposta rápida. Ressalto que a pessoa deve responder quando puder e quiser, e me reservo o direito de fazer o mesmo. Se eu ver algo que sei que um amigo vai gostar, mando para ele, mas com muito cuidado também, porque ninguém merece ser sobrecarregado com links neste mundo cheio de informações. Ainda sobre o ponto anterior, sei que às vezes bate aquela vontade de falar com as pessoas que a gente ama, mas é sempre bom perguntar se pode ligar e, em hipótese alguma, mandar “preciso falar agora. Cadê você? Preciso de você. É urgente” se realmente não for urgente. Isso pode causar ansiedade e, posteriormente, um afastamento, ou seja, não é legal para nenhuma das partes. Quando o amigo ou a amiga responder, tento marcar um horário para batermos um papo curto, perguntar da família, dar risada de uma coisa inusitada que aconteceu no mercado, compartilhar sentimentos pandêmicos ou falar da reação da vacina. Tudo de forma muito leve, como se deve ser. Ressalto mais uma vez que está difícil para todo mundo, todos estamos com medo e, muitas vezes, nos sentimos sós no mundo. Por isso, precisamos ter cuidado com as relações e com as cobranças. Se eu vejo que um amigo ou amiga está muito mal, tento mandar por deliver um mimo que reconforte, uma cartinha, uma foto impressa de um momento muito bom, flores, chocolate, um contato de profissional de psicologia ou qualquer coisa que faça aquela pessoa se sentir amada e cuidada naquele momento. Algo que não é menos importante que os pontos anteriores: se você estiver sentindo falta de alguém em sua vida, há formas de falar isso sem parecer invasivo ou injusto com o que estamos todos enfrentando. E é um ato de coragem fazer isso, não é mesmo? Coragem de se mostrar vulnerável e dizer para o outro “eu quero você por perto”, e acionar aquela forma de lidar, caso venha algum tipo de rejeição. Por fim, situações que tentamos visualizar no futuro podem nos afetar como se realmente tivéssemos vivido aquilo. Por isso, sem criar grandes expectativas, tente imaginar que, em um futuro não muito distante, você vai poder ver aquela pessoa querida, dar um abraço bem apertado e contar as novidades pessoalmente. Faça isso principalmente naqueles dias mais difíceis. Tenho certeza que vai ajudar.
O que podemos aprender no nosso dia a dia com a força mental dos atletas nas Olimpíadas
Naomi Osaka, 23 anos, uma das maiores tenistas do mundo, fez uma corajosa declaração sobre suas crises de depressão, desencadeadas após a conquista do maior prêmio da categoria, o Grand Slam, em 2018, e deixou um campeonato importante para cuidar de si. Em 2021, no auge das Olimpíadas de Tóquio, Simone Biles, 24 anos, a maior ginasta da atualidade, decidiu não competir na final, para priorizar sua saúde mental. A pressão por performance e resultados voltou a ser debatida nos grandes veículos de comunicação, assim como sinais de estresse e a prejudicial necessidade de precisar provar seu valor constantemente. Daiane dos Santos, ex-ginasta brasileira e atual comentarista das Olimpíadas, disse que a reação de Simone indica que seu motricional não estava ligado com o mental, o que, trocando em miúdos, é confirmado pela atleta na seguinte fala em uma entrevista. “Sempre que você entra em uma situação de alto estresse, você meio que enlouquece. Tenho que me concentrar na minha saúde mental e não colocar em risco minha saúde e bem-estar. É uma bosta quando você está lutando com sua própria cabeça. Você quer fazer isso por si mesmo, mas ainda fica muito preocupada com o que todo mundo vai dizer.” Em seu perfil no Instagram, a atleta mostrou como treinar muito a fazia ter espécies de apagões, e que nos treinos ela poderia ‘desmaiar’ nos colhões, mas em uma competição, não teria esse apoio, o que aumentava o risco de lesões. Já Rebeca Andrade, 22 anos, mulher negra e brasileira, continuou a competir. O seguinte diálogo, entre um repórter e ela, recém ganhadora da medalha de prata, expõe como uma base psicológica mostrou seu valor e foi decisiva para ela nesse ambiente e após a saída de uma adversária importante. Repórter: Foi tão atribulada a chegada a essa final, eu digo, pro mundo da ginástica, por causa da Simone. O que passou na sua cabeça momentos antes, durante a competição? É difícil se desligar disso também? A gente sabe da importância que ela tem para o mundo da ginástica, era um nome a ser batido, cria uma pressão extra para quem estava competindo sem ela? Rebeca Andrade: Eu acho que o fato dela ter saído não foi nada negativo. As pessoas tem que entender que o atleta não é um robô, ele é um humano. Então, a decisão que ela tomou foi a coisa mais sábia que ela pode fazer por ela, não foi nem pelos outros, porque não se brinca com a cabeça, sabe? Eu trabalho muito com a minha psicóloga por causa disso. Hoje, eu sou uma atleta diferente justamente pela cabeça que eu tenho. Porque eu acho que se eu tivesse em 2016, como eu era muito nova, muito crua, isso não teria acontecido. […] O que eu sempre falei nas entrevistas também, quando me perguntavam, o que eu sempre admirei nela era o psicológico dela, porque todo mundo sabe que ela é a melhor do mundo, que ela tem todo o talento, ela é incrível mesmo, sabe? Então eu sempre admirei muito isso, porque a pressão em cima dela era muito constante e era muito difícil, então ela acabava se cobrando muito também. […] Eu fiquei orgulhosa dela por ter tomado essa atitude e ter pensado nela antes de qualquer outra coisa. O que podemos aprender com elas? O recorte de um pedaço da vida dessas três mulheres, nos mostram que quanto mais elas entregam, mais é pedido. Por isso, equilibrar os pratos é uma atividade para o qual a preparação acontece ao vivo, sob o olhar de milhares de pessoas e, no caso das Olimpíadas de Tóquio, sob o olhar do mundo inteiro. Eu consigo imaginar a pressão, e você? Nem todo mundo consegue, e está tudo em tirar um tempo para si, dar um passo para trás. Mais do que chegar lá, é preciso muita coragem para se colocar em primeiro lugar e abrir mão de coisas pelas quais se lutou muito, quando aquilo diminui ou elimina seu bem-estar. Está tudo bem não querer se expor a jornalistas que vão fazer perguntas desconfortáveis ou não querer estar próxima dos fãs o tempo inteiro. Por aqui, como fã dos esportes desde pequena, continuo admirando essas mulheres dentro e fora do esporte! Torço para que elas fiquem bem e voltem a achar prazer em suas atividades. Desejo que essas decisões difíceis sirvam como plataforma para mudar paradigmas sobre saúde mental. Apesar da longa discussão, muitos ainda encaram isso como mimimi, mas, como vi por aí nas ruas da internet, “mimimi é a dor que não dói na gente”.
Trabalho e saúde mental: cuidado com as armadilhas!

No texto “O que é Saúde Mental e por que ela é o termo da moda dentro da psicologia?”, que postei nos últimos dias, mostrei muito brevemente a relação da saúde mental com a qualidade de vida, bem-estar e, claro, com o mercado de trabalho. Conforme os chamados transtornos psicológicos têm atingido mais pessoas, sendo os mais conhecidos depressão e ansiedade, mais soluções têm sido criadas na tentativa de contenção. A experiência que possuímos em nosso ambiente de trabalho afeta diretamente a nossa saúde mental, isso é um fato, e com a pandemia, vimos muitas empresas passarem a oferecer terapia, meditação, ioga, rodas de conversa e mais para os colaboradores. A intenção é boa, reconheço, mas há uma linha tênue entre ajudar e sobrecarregar o funcionário, individualizando uma questão que é mais complexa do que parece. Afastamento por transtornos mentais e outros dados Com a chegada do covid-19, muitas pessoas conseguiram migrar para o home office. Infelizmente, outras tantas não conseguiram e precisaram continuar circulando e se expondo diariamente a um vírus mortal. Tanto para quem fica, quanto para quem sai, lidar com um cenário de incerteza, de medo e com a vida social comprometida é uma carga que pode afetar a forma como lidamos com estresse, mudanças, desafios, como desenvolvemos relações sociais e, por fim, trabalhamos de forma produtiva. 2020 foi o ano em que a concessão de auxílio doença e aposentadoria por invalidez devido a transtornos mentais bateu recorde! Segundo a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, houve uma alta de 26% em relação a 2019, com 576,6 mil afastamentos. Entre eles, há maior incidência de afastamento por depressão e ansiedade. Assim como eu, você provavelmente escutou inúmeras reclamações de trabalhadores aflitos por não sentirem que existia uma separação entre vida pessoal e profissional. A hiperconexão tornou suas jornadas ainda mais exaustivas, mesmo em meio a questões relacionadas ao luto coletivo da atual crise sanitária. E para quem precisou continuar saindo de casa, a ideia de estar cada vez mais próximo da morte afetou toda a forma de ver a vida, além de muitos relatarem o medo constante de levar a doença para dentro de casa. A linha tênue da qual eu falei De acordo com um levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o brasileiro trabalha em média 8 horas por dia, o que representa 39,5 horas por semana. Para compararmos, a média global é de 36,8 horas por semana. Claro que isso mudou na pandemia para quem trabalha de casa por conta das questões que falamos no parágrafo anterior. Muitas empresas, na tentativa de manter a produtividade ou aumentar os lucros, passaram a oferecer atividades gratuitas ou a baixo custo que visam desenvolver soft skills e saúde mental. No entanto, muitas vezes a cobrança para se comparecer nesses espaços ou cumprir um número mínimo de horas de capacitação, que não raro acontecem fora do horário de trabalho, pode ser fonte de ansiedade para muitos. Por isso, fica o alerta: às vezes, ver um filme, fazer meditação e atividades para otimizar o tempo ou conversar sobre suas aflições pessoas, só vai fazer sentido para o colaborador se for feito em seu tempo e/ou com pessoas com quem ele tem outros tipos de relação, que não a profissional. Empregadores precisam ficar atentos a isso para não sobrecarregar funcionários que estão passando por algum tipo de questão envolvendo o tema. A intenção pode ser das melhores, mas em hipótese alguma diga que a pessoa não se esforçou para sair da depressão ou da ansiedade porque não se esforçou para participar das atividades que expandiram o horário de trabalho. Quando se torna uma obrigação, pode ter o efeito contrário do que você pensou inicialmente. Para finalizar, tem uma frase que eu não lembro onde ouvi ou vi, mas ficou gravada por aqui (quem souber, por gentileza, coloque nos comentários): a economia é recuperável, vidas não. Por isso, ao invés de tentar preencher a agenda com cada vez mais atividade, que tal verificar se as férias dos funcionários estão em dia? Que tal revisar horas de trabalho e se as equipes conseguem dar conta das demandas? É um trabalho necessário, que não deve ser feito de forma rasa. Um espaço respeitoso, inclusivo e que não invade a vida pessoal do funcionário pode dar mais resultado que inúmeras atividades “não obrigatórias”.