Saúde mental e maternidade: como se manter com a cabeça em dia
A gestação e a maternidade trazem importantes mudanças na vida das mulheres, assim como na vida do casal e de toda família ao redor. Por isso, é muito importante cuidar de todos os sentimentos, emoções e pensamentos que vão aparecendo durante esse processo. Existe um termo que vem ganhando destaque dentro desse contexto que é o pré-natal psicológico. Você já ouviu falar? O pré-natal psicológico é uma prática complementar ao pré-natal tradicional, voltado para maior humanização do processo gestacional, e se propõe a prevenir algumas situações potencialmente prejudiciais para a saúde psicológica da mulher decorrentes desse período. Ele se comporta como um espaço para que a mulher possa falar o que sente, sem julgamentos e através disso pensar em novas possibilidades de ação e resolução dos conflitos que surgem em consequência do novo momento. Isso porque, geralmente a maternidade traz sentimentos muito ambíguos. Hora sentimentos que a mulher julga como positivo, hora sentimentos que julga como negativo. Por exemplo, medo do futuro, medo da mudança do corpo, baixa libido, ansiedade em relação ao parto, entre outros. Para mulher, é um momento de mudança total, com muitos lutos para administrar. O espaço do pré-natal psicológico ganha espaço à medida que paramos de entender a maternidade como algo instintivo e começamos a olhar como uma relação que se constrói, desde a gestão até o nascimento e criação do filho. Por isso, é completamente normal sentir todo e qualquer tipo de sentimento. Ou seja, o pré-natal psicológico aparece como uma prevenção do adoecimento e também como fortalecimento emocional da mulher, de toda a rede apoio que está em volta dela e os preparam para a chegada dessa nova vida que está por vir.
Por que estamos vivendo a era do esgotamento mental?
Você sente que termina seus dias extremamente cansado, indisposto, ansioso e/ou desmotivado? Se a sua resposta foi sim é provável que você esteja passando por um período de esgotamento mental. Essa é uma situação marcada pelo desequilíbrio do corpo e da mente, ou seja, é quando uma pessoa atinge o limite das suas emoções e pode vir a desenvolver ansiedade generalizada, crises de pânico e até depressão. Para saber se você está passando por um período de esgotamento mental, listei abaixo os principais sintomas dessa condição: perda da produtividade; irritabilidade; insônia; desmotivação com a vida; dificuldade de raciocínio e de concentração; ansiedade; Quais são as causas do esgotamento mental? O esgotamento mental, normalmente, surge pelo excesso de preocupação, por exemplo, a pressão de atingir metas, competição no trabalho, desconfiança, insatisfação, infelicidade no casamento, acúmulo de tarefas no dia a dia, entre outros. Além disso, a pandemia da Covid-19 também contribuiu com o aumento do quadro de esgotamento mental na população, uma pesquisa feita pela USP mostra o Brasil liderando a lista de 11 países com mais casos de depressão e ansiedade durante a pandemia do novo coronavírus. A necessidade de isolamento social combinado com o trabalho home office, fez com que a vida pessoal e profissional se misturasse, perdendo os limites de onde uma termina e a outra começa. O resultado disso são pessoas cada vez mais estressadas, cansadas, ansiosas e deprimidas em diversos âmbitos da vida. 4 dicas para lidar com o esgotamento mental Reverter esse quadro, antes de qualquer coisa, requer consciência de como seu corpo e sua mente tem estado nos últimos tempos. E para começar a lidar com o excesso de preocupações, separarei 4 dicas para aplicar na sua rotina: 1. Mude hábitos Hábitos negativos como trabalhar por muitas horas seguidas, comer mal e ingerir muita cafeína são prejudiciais para a saúde, principalmente para a sensação de esgotamento emocional. 2. Pratique exercícios físicosMovimentar o corpo ajuda a liberar serotonina e endorfina, conhecidos como “hormônios da felicidade”. 3. Determine momentos de trabalho e lazer Determinar horários de vida profissional e pessoal ajuda o cérebro a relaxar e descansar de verdade nas horas certas, melhorando a concentração e o humor. 4. Procure ajuda profissional se necessário É fundamental procurar ajuda profissional em situações que não seja possível resolver os problemas sozinho. E para esse ponto, pode contar comigo!
O valor da amizade para a sua saúde mental
“Quem tem um amigo tem tudo Se o poço devorar, ele busca no fundo” já dizia Emicida na música que fez com Zeca Pagodinho e com a Tokyo Ska Paradise Orchestra. Um amigo, segundo ele, “É um ombro pra chorar depois do fim do mundo”. Somando à verdade secular, a música de 2020 mostra também que as relações de amizade são ótimas para nossa saúde mental, sendo indispensável para qualquer pessoa, quase como um instinto, uma resposta natural ao que é estar vivo. Mas a amizade não é algo que se recebe apenas. Estar lá na alegria e na tristeza, e oferecer apoio é uma via de mão dupla. Na maioria das vezes, isso acontece com contato físico, e promove saúde física e emocional. Temos falado bastante aqui no blog sobre saúde mental e também sobre como a pandemia, que obrigou milhões de pessoas a se isolarem, afetou o bem-estar geral, desencadeando um aumento nos números de indivíduos com ansiedade e depressão. O toque físico, extremamente necessário segundo a ciência, e as trocas de experiências ficaram em segundo plano, em um mundo que fundiu ainda mais a vida profissional com a pessoal. A verdade é que ninguém está bem. Aliás, como poderia? O cansaço causado pelas telas nos fazem usá-las para trabalhar, estudar ou para os famosos streams, não muito mais que isso. Quase não sobra tempo para festinhas virtuais ou para ouvir por horas aquele amigo que a gente ama. Ouvir longamente uma fofoca, como fazíamos na mesa do bar, é quase impossível. Passar um dia viajando, criando boas memórias, também. Não quero parecer negativa, mas é um fato que a pandemia afetou para sempre a forma como nos relacionamos. Como, então, podemos tentar driblar todas essas questões? Vou compartilhar ações que funcionam para mim. Se você achar que eu posso acrescentar algo, me conta nos comentários? Primeiro de tudo, eu preciso me sentir bem comigo mesma. Como vou poder oferecer um tempo de qualidade para alguém que eu amo se estou com enxaqueca ou estresse nas alturas por conta do meu trabalho? Por isso, separo pequenos intervalos de tempo para meditar, respirar fundo, fazer um escalda pés, usar um óleo essencial, tomar um chá, ver um filme bobo. Aqui, qualquer coisa que me acalme está valendo. Quando me sinto bem de uma forma minimamente mensurável, mando aquela famigerada mensagem do ‘oi sumida(o)’, mas sem pressão ou pedindo resposta rápida. Ressalto que a pessoa deve responder quando puder e quiser, e me reservo o direito de fazer o mesmo. Se eu ver algo que sei que um amigo vai gostar, mando para ele, mas com muito cuidado também, porque ninguém merece ser sobrecarregado com links neste mundo cheio de informações. Ainda sobre o ponto anterior, sei que às vezes bate aquela vontade de falar com as pessoas que a gente ama, mas é sempre bom perguntar se pode ligar e, em hipótese alguma, mandar “preciso falar agora. Cadê você? Preciso de você. É urgente” se realmente não for urgente. Isso pode causar ansiedade e, posteriormente, um afastamento, ou seja, não é legal para nenhuma das partes. Quando o amigo ou a amiga responder, tento marcar um horário para batermos um papo curto, perguntar da família, dar risada de uma coisa inusitada que aconteceu no mercado, compartilhar sentimentos pandêmicos ou falar da reação da vacina. Tudo de forma muito leve, como se deve ser. Ressalto mais uma vez que está difícil para todo mundo, todos estamos com medo e, muitas vezes, nos sentimos sós no mundo. Por isso, precisamos ter cuidado com as relações e com as cobranças. Se eu vejo que um amigo ou amiga está muito mal, tento mandar por deliver um mimo que reconforte, uma cartinha, uma foto impressa de um momento muito bom, flores, chocolate, um contato de profissional de psicologia ou qualquer coisa que faça aquela pessoa se sentir amada e cuidada naquele momento. Algo que não é menos importante que os pontos anteriores: se você estiver sentindo falta de alguém em sua vida, há formas de falar isso sem parecer invasivo ou injusto com o que estamos todos enfrentando. E é um ato de coragem fazer isso, não é mesmo? Coragem de se mostrar vulnerável e dizer para o outro “eu quero você por perto”, e acionar aquela forma de lidar, caso venha algum tipo de rejeição. Por fim, situações que tentamos visualizar no futuro podem nos afetar como se realmente tivéssemos vivido aquilo. Por isso, sem criar grandes expectativas, tente imaginar que, em um futuro não muito distante, você vai poder ver aquela pessoa querida, dar um abraço bem apertado e contar as novidades pessoalmente. Faça isso principalmente naqueles dias mais difíceis. Tenho certeza que vai ajudar.
Autocuidado: cuide primeiro de você para depois olhar para o resto

O tema autocuidado tem crescido bastante nos últimos anos. Com certeza você notou a mudança nas novelas, nos influencers e nos papos de bar com as amigas. Se entrar no Instagram e colocar #autocuidado na busca, por exemplo, vai notar que existem diversos tipos, entre eles, autocuidado emocional, consciente, feminino, natural, materno, feminista, na quarentena, amoroso, físico, masculino, facial, íntimo, enfim! Muitos! O que vai errado com o autocuidado? Naturalmente, a indústria viu uma oportunidade de ganhar dinheiro em cima da temática também, por isso, não raro vemos propagandas (mais conhecidas como #publis) nas redes sociais apontando a solução para se sentir bem na compra impulsiva de produtos exóticos e, muitas vezes, inacessíveis. A promessa é que eles vão te colocar em uma lista seleta de pessoas, farão um milagre no seu corpo, vão mudar a sua vida e serão totalmente indispensáveis na sua casa. Uma pesquisa de 2018 feita pela empresa de análise preditiva IRI mostrou que esse mercado movimenta US$ 450 bilhões só nos Estados Unidos. Um outro estudo mais recente e nacional, do IBOPE, encomendada pela Bayer, mostrou que 84% dos entrevistados buscam ter uma rotina de autocuidado, mas apenas um terço deles consegue fazer isso de forma regular. Paralelo a isso, estamos cada vez mais viciados em telas, que, de forma geral, ainda distribuem uma imagem ilusória do que é saúde, bem-estar e equilíbrio. Os click baits, ou seja, títulos chamativos feitos com o objetivo de persuadir, nos encaminham para corpos irreais, práticas que só poderiam ser mantidas a longo prazo se não tivéssemos mais nada para fazer, entre outros. Para quem se nega a entrar nessa roda, sintomas de FOMO (Fear of Missing Out, ou, em tradução livre, medo de ficar de fora) podem surgir. Tudo isso casa com uma cultura de correria, de trabalhar até não poder mais, de buscar soluções rápidas para questões sérias ou simplesmente naturais, como ter espinhas. Questões culturais que perpetuam a desigualdade de gênero Mais pesquisas mostram que mulheres cuidam muito mais de outras pessoas. O machismo dentro dessa sociedade que ainda é majoritariamente patriarcal, nos coloca nesse lugar. É comum ouvir “se eu não faço, ninguém faz” ou “não tenho tempo para nada”. Mesmo fora do ambiente doméstico, em nossos trabalhos e empreendimentos somos maioria no setor de serviços e ainda poucas em cargos de alta liderança. (Você pode ler um pouco mais sobre isso aqui). Por meio do levantamento “Tempo de cuidar: o trabalho de cuidado não remunerado e mal pago e a crise global da desigualdade”, a Oxfam denunciou que mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas por dia ao trabalho de cuidado não remunerado, ou seja, atividades como cuidar de outras pessoas, cozinhar, limpar, buscar água e lenha. Por conta dessas questões, muitas mulheres se culpam por se autocuidar, ou são taxadas de egoístas por quererem tirar um tempo para si. Mas, precisamos todos entender que o autocuidado é cuidar do outro também. Na minha opinião o motivo do autocuidado deve ser individual, mas pensando de forma mais ampla, todos se beneficiam. Dicas finais para começar o autocuidado hoje Não quero aqui ser simplista nas dicas. Como vimos, apenas um terço das pessoas consegue desenvolver a prática. Por isso, sugiro começar com pequenos hábitos. Pequenos mesmo, como por exemplo, antes de cortar as unhas, fazer uma imersão breve de cinco minutos em uma água com camomila. Ou então tentar dormir uma hora mais cedo, ou então, tomar três respirações profundas toda vez que perceber que está com algum tipo de ansiedade. Saber desligar da tecnologia é essencial para nossos estados de ânimo, assim como o contato com a natureza e a observação de nossa saúde mental. Por fim, autocuidado é diferente de aparência física. É um ritual de autopreservação em um caminho longo e nem sempre fácil. É um carinho para você, um espaço vitalício de cura e conexão. Vale dizer que muitas soluções para promover bem-estar e a saúde podem ser encontradas na natureza ou com valores acessíveis em mercados, casas de ervas, vizinhas ou pessoas mais velhas da sua própria família. Autocuidado não deve ser limitado a skin care, dietas restritivas, procedimentos estéticos, gurus ou exercícios excessivos. Práticas de cultivo desses dois pontos bases para o autocuidado podem ser feitas no dia a dia, sem necessariamente envolver relações comerciais.