MASCULINIDADE TÓXICA: Por que não uso essa terminologia?

Não estou negando que exista o machismo! Pelo contrário, estou propondo uma reflexão em um movimento da via de mão dupla. Como assim, Mari? Presta atenção que vou te explicar… A masculinidade da maneira como ela se posta hoje na sociedade, impacta não só as mulheres, mas também os homens. Eles são bombardeados por uma série de comportamentos estereotipados que ele deve seguir, do tipo: não pode se mostrar gentil e carinhoso, tem sempre que bancar o machão, resolver os seus problemas através de brigas físicas (com homens e mulheres). Inclusive,já existem estudos que apontam os prejuízos que esse comportamento pode trazer para os homens a Associação Norte Americana de Psicologia, estima que 80% dos homens americanos sofram de uma condição chamada alexitimia, que é uma desordem neurológica que afeta o processamento das emoções, isso pode acarretar uma série de doenças psicossomáticas, entre outras consequências. É preciso repensar os papéis, femininos e masculinos, para não cairmos nas armadilhas do machismo, que é um fenômeno social estrutural. Que atinge homens e mulheres de maneiras diferentes, causando muitos danos aos dois grupos, porém no caso das mulheres pode levar à m*rte, se pensarmos em violência. E no caso dos homens emocionalmente, gera violência. Como ele não tem como extravasar tudo que ele sente ou pensa, sem que a sua masculinidade seja questionada, ele acaba agindo/reagindo com violência.

Como montar suas prioridades em 2022, começando por você…

É comum as pessoas se queixarem por estarem caminhando em círculos dentro da própria vida, ou que estão se esforçando muito e não estão chegando em lugar algum. Dentro desse cenário de frustração, vale um questionamento: o quanto essas pessoas estão se planejamento para alcançarem a vida que desejam? Falo isso, porque uma causa comum para esse tipo de frustração é que a maioria das pessoas não direciona sua energia em um foco específico e por isso, acabam se se sentindo decepcionadas por não verem sua vida avançar. Tenho certeza de que você não quer que isso aconteça com você, certo? Sendo assim, se nesse novo ano você quer mudar de alguma forma sua vida, seja ter mais qualidade de tempo, avançar na carreira ou ter prosperidade financeira, uma coisa é fato, você precisa ter um bom plano! E aí, já parou para pensar por onde começar? A palavra é: planejamento pessoal!  Ter um planejamento pessoal vai te ajudar a definir suas metas e objetivos para 2022, além de te ajudar a direcionar suas ações rumo a realização. É importante que nesse planejamento, tenha prazos e recursos para concretização de cada objetivo. Assim, você não terá espaço para distração e conseguirá manter o foco com mais facilidade. Quando apenas deixamos que as coisas aconteçam, sem planejar, corremos o risco de tomarmos decisões ruins e que, muitas vezes, podem nos prejudicar. O ideal é que você seja cada vez mais objetivo em relação aos seus desejos, pois assim, seus sonhos ganharão clareza dentro da sua mente e você se sentirá mais confiante em suas realizações. 5 dicas para priorizar o que é importante para você. Para começar a construir um planejamento pessoal, uma boa dica é responder algumas perguntas-chaves, por exemplo:– como, quando, por que (propósito), onde e com quem você vai realizar tal meta? Depois de ter feito isso, você conseguirá visualizar cada meta com mais clareza e abaixo, deixo 5 dicas para que você se mantenha no caminho das suas realizações. Defina suas metas – As metas são o seu norte! Lembre dos motivos pelos quais decidiu lutar por elas. Com certeza, se elas são as primeiras coisas que vem à sua cabeça, elas são importantes! Seja pé no chão – Ao definir seus objetivos seja sempre o mais verdadeiro possível. Sonhe com os pés no chão e trabalhe dentro das possibilidades reais. Do contrário, na primeira dificuldade você desistirá. Cuidado com seus pontos fracos – Para realizarmos qualquer coisa na vida precisamos conhecer quais são os desafios que podem nos impedir de realizar nossos sonhos. Por isso, faça uma auto-observação, identifique os pensamentos e comportamentos que podem te prejudicar durante o processo. Tenha foco – Se você realmente quer chegar a algum lugar precisa manter-se no caminho certo. Seu objetivo depende diretamente do seu comprometimento. Lembre-se disso e não deixe que sentimentos de dúvida, medo e ansiedade te sabotem. Motive-se – Do mesmo modo que é preciso focar, é preciso se motivar todos os dias. Manter-se conectado aos motivos pelos quais você quer atingir suas metas. Por isso, pensar em recompensas no dia a dia por fazer escolhas rumo aos seus objetivos te ajudará a ser sentir presenteado por estar no caminho certo. No mais, se você se organiza e acredita, pode e vai realizar todos os seus objetivos. Siga em frente!

No novo ano, como fugir das resoluções e mudar o que realmente é importante para você?

Dois mil e vinte e dois chegou, e para a maioria das pessoas o começo do ano significa a possibilidade de mudanças. Prosperar financeiramente, mudar um antigo hábito, aprender algo novo, passar mais tempo com a família… Seja qual for a mudança, uma coisa é fato: o início do ano desperta a reflexão sobre o que deu certo, o que deu errado e o que mudar em relação ao ano que passou. No entanto, para que as mudanças aconteçam de fato é importante juntar pontos de reflexão com pontos de ação. Afinal, não dá para viver só no campo das ideias, não é mesmo? É preciso botar as mudanças em prática. Por isso, nessa leitura, te convido a dar o primeiro passo rumo as resoluções de ano novo. O que é realmente importante para você? Quais são as suas prioridades? Pense, hoje, em como está a sua vida e como você gostaria que ela fosse. Quais são os seus problemas? Você está no (seu) caminho certo ou precisa alterar a rota? Me conta, o que você quer de verdade? Qual é aquele sonho que passa todos os dias pela sua cabeça? Cá entre nós, essa tarefa é bem mais simples do que parece. A gente sempre sabe o que precisa ser transformado. O que nos falta, na maioria das vezes, é coragem para assumir isso. É hora de colocar-se em primeiro lugar! Esqueça o que as pessoas vão achar ou falar. Pense: o que vale a pena mudar e que vai trazer um bem enorme para a sua vida? Responda e refaça essas perguntas sempre que possível, elas trarão a clareza necessária para transformar sua vida. Escolha seus objetivos! Em seguida, saia do mundo das ideias e dê o próximo passo, trabalhe em direção aos seus objetivos. Para facilitar, defina objetivos de curto, médio e longo prazo alinhados com a vida que você quer ter, esse será seu norte, o que faz teu coração vibrar. Coloquei abaixo um exemplo de como você pode fazer isso. Escreva em um papel os setores da sua vida (trabalho, relacionamento, saúde…) Elenque objetivos para cada um deles; Classifique cada um por ordem de prioridade; Revise toda a lista, filtrando o que realmente deveria estar ali e o que pode sair; Identifique quais são as ações que você precisa tomar para realizar cada uma das metas; Determine prazos para cada um dos itens; Comece a agir; Revise o que você está conseguindo realizar regularmente. Dica: opte por objetivos que mantenham os seus pés no chão. Considere ações possíveis dentro da sua situação atual para criar seu destino. Assim, você manterá seu foco para as ações diárias e ainda traz a sensação de que você está progredindo dentro de um cronograma possível.

Por que a autocompaixão é importante para todos nós

O que é a autocompaixão A compaixão e a autocompaixão se referem as mesmas emoções, porém, direcionadas a sujeitos diferentes, ou seja, se a primeira trata dos sentimentos de empatia e compreensão perante o sofrimento de outra pessoa, quando estes mesmos sentimentos são aplicados a si mesmo, trata-se da autocompaixão. Quando vemos uma pessoa querida passar por algum momento difícil, enfrentar algum desafio pessoal ou cometer falhas, normalmente agimos com carinho e não com punição. Nós reconhecemos que a imperfeição faz parte da experiência humana, o que em outras palavras significa exercer a compaixão.  Entretanto, em nossa sociedade, aprendemos a exigir muito de nós mesmos, na maioria das vezes, em busca da perfeição ou de grandes resultados. Dessa forma, a autocrítica parece ser o caminho para o sucesso. Mas, a autocrítica exagerada pode levar à baixa autoestima, depressão, ansiedade etc. Por que a autocompaixão é importante?  Na autoavaliação, um erro é apenas algo que deve ser corrigido e superado. Na autocrítica, um erro torna-se sinal de fracasso e, ao sentir que falhamos, somos tomados pelo sentimento de culpa. Quando não cultivamos a autocompaixão, somos muito duros e rígidos conosco, temos dificuldade em aceitar nossos erros e nos culpamos por eles. Nos cobramos para sermos perfeitos, e nos desapontamos com as expectativas altas que criamos. Nos julgamos pelos nossos pensamentos e emoções não prazerosos, e no punimos. Você percebe que essa quantidade de carga mental negativa pode afetar a sua saúde mental? Portanto, reverter essa situação e cultivar a autocompaixão possibilita uma série de benefícios, como:  redução dos sintomas de estresse e depressão aumento da liberação do hormônio de ocitocina no corpo, responsável pelas emoções prazerosas diminuição da autocrítica e da sensação de isolamento aumento da conexão entre as pessoas aumento de comportamentos pró-sociais, como a compaixão e a empatia. Como desenvolver a autocompaixão?  A habilidade de ser (auto)compassivo pode ser treinada. A autocompaixão pode ser desenvolvida através de uma variedade de exercícios, bem como através da psicoterapia.  Um desses exercícios é você olhar para a sua autocrítica como uma crítica dirigida a um amigo. Se as palavras são muito duras para alguém que você gosta, então provavelmente também o são para si. De uma forma geral, tendemos a aceitar melhor as falhas dos outros do que as nossas próprias. Por isso, quando reconstruímos as críticas e aprendemos a aceitar as nossas imperfeições, aumentamos a autocompaixão.

Transtorno de Ansiedade: fique atenta para descobrir se você tem

Antes de mais nada, é importante entender que a ansiedade por si só não é algo negativo! Cá entre nós, ter um pouco de ansiedade no dia a dia é normal. Ok? Por exemplo, nada mais normal que sentir ansiedade antes de um evento importante ou antes de um encontro com uma pessoa que você nunca viu. Visto que a ansiedade está intimamente ligada aos sentimentos de preocupação, nervosismo e medo intenso. Ou seja, uma pessoa pode se sentir ansiosa quando acredita que existe algum um risco futuro ou uma ameaça. Mas, apesar de ser uma reação natural do corpo, a ansiedade pode virar um distúrbio quando passa a atrapalhar o dia a dia, e infelizmente essa é uma situação mais comum do que se imagina. Veja só, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 264 milhões de pessoas sofrem de algum transtorno de ansiedade ao redor do mundo!  Entretanto, o que precisa ficar claro é a principal diferença da ansiedade normal para o transtorno de ansiedade, este último sim, causa prejuízos na vida de quem sofre! Transtorno de Ansiedade O Transtorno de Ansiedade é a preocupação excessiva combinado com o estresse recorrente, por serem excessivos ou persistirem por um longo período acabam afetando a rotina.  Embora haja diversos tipos de transtornos de ansiedade, é possível encontrar um padrão entre eles. Para que você entenda melhor, separei alguns dos sintomas mais comuns de um transtorno de ansiedade:  Fala acelerada Respiração ofegante e falta de ar Sensação de tremor e vontade de roer as unhas Agitação de pernas e braços Tensão muscular Irritabilidade Enxaquecas Boca seca e hipersensibilidade de paladar Insônia Preocupação excessiva Dificuldade de concentração Medo constante Sensação de que vai perder o controle ou que algo ruim vai acontecer Desequilíbrio dos pensamentos Sensação de ser um observador externo da própria vida (despersonalização) Sentir-se desconectado de seus ambientes (desrealização) Se você quer saber se sofre de de Ansiedade ou de Transtorno de Ansiedade Generalizada, fique atento a esses sintomas e ao período de duração de cada um deles, caso passem a atrapalhar seu dia a dia, procure por ajuda.

Nenhum psicólogo vai resolver os seus problemas, apenas você.

O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo! São mais de 18 milhões de pessoas que sofrem de transtorno de ansiedade, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Além disso, a pandemia da Covid-19 também afetou a saúde emocional e mental dos brasileiros e por consequência, a procura por atendimentos psicológicos cresceu. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) calcula que a demanda aumentou 82% em consultórios particulares de todo o país. Por que buscar ajuda na psicologia?  A psicologia é a ciência que irá buscar a compreensão sobre como o ser humano cria a suas próprias narrativas. Sendo assim, o psicólogo identifica traumas, medos e receios que podem acarretar uma vida frustrada. O papel do psicólogo é conduzir a pessoa para à autodescoberta, à compreensão sobre as suas dificuldades e a forma com que se relaciona com o seu “mundo interior” e exterior. Para isso, ele aplica métodos científicos, a fim de compreender a psiquê humana e atuar no tratamento e prevenção de doenças mentais e melhorar a qualidade de vida do indivíduo.  Ele vai acolher e ouvir, sem julgamento, o sofrimento e a queixa trazida, trabalhando o que está por trás deles, conduzindo a pessoa em um processo de aceitação e mudança. Isso acaba diminuindo a dor e o sofrimento da pessoa.  Ouvir o paciente ajuda a fortalecer a sua autoestima, conexão com o mundo e a achar sua força interior, diminuindo as defesas que lhe afastam da realidade. Conduzir no entendimento das emoções, ajuda para que o paciente as identifique mais facilmente, fortalecendo seus recursos psíquicos para lidar com as angústias da vida.  Entretanto, um passo importante na busca por ajuda profissional, é estar disposto a encarar os incômodos que irão surgir dessa escolha. Muitas vezes, ignorar as emoções pode parecer melhor do que de fato entendê-las, interpretá-las e resolvê-las, portanto, manter a vontade de passar pelos desafios e incômodos para encontrar uma vida mais satisfatória é de suma importância nessa jornada. 

Por que jovens negros tem mais chance a depressão

Você sabia que o Brasil ocupa o topo do ranking no número de casos de depressão na América Latina? Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 12 milhões de pessoas são afetadas pela doença no país! Inclusive, na faixa etária de 10 a 29 anos, o número dos casos de transtornos mentais também é preocupante, especialmente entre jovens negros, que chegam a ter 45% mais chances de desenvolver depressão que um jovem branco.  Por isso, precisamos urgentemente olhar para a saúde mental dos jovens negros! Um ponto de partida para entender esse cenário é falar sobre raça, esse tema nos ajuda a entender como pretos e brancos são percebidos no Brasil, e consequentemente, as diferenças nas maneiras em que são tratados.  Existe no Brasil um imaginário racial que, infelizmente, inferioriza pessoas negras, criado desde o período da escravidão, com a desumanização do povo africano os transformando em escravo, acompanhado de uma ideologia de dominação racial que valoriza a cultura de sociedades brancas e desvaloriza a herança das culturas de origem africana.  Entretanto, além da escravização, temos as políticas de miscigenação e branqueamento, mortalidade infantil, encarceramento em massa, subemprego, desemprego e miséria, que são algumas das expressões do racismo atual na nossa sociedade. Infelizmente, o racismo está presente desde a infância até a vida adulta da população negra, e podemos ver o impacto devastador disso, através de sentimentos de inferioridade, baixa autoestima, sentimentos de vergonha, culpa, medo, angústia, ansiedade, insegurança, inadequação, autocobrança excessiva, rigidez… Para inverter este quadro precisamos combinar uma série de fatores, como por exemplo, políticas públicas de combate e a valorização dos movimentos sociais. É possível e preciso sentir prazer e orgulho de ser quem se é, cultivando amor interior e atuando coletivamente para podermos curar as sequelas do racismo.

O que podemos aprender no nosso dia a dia com a força mental dos atletas nas Olimpíadas

Naomi Osaka, 23 anos, uma das maiores tenistas do mundo, fez uma corajosa declaração sobre suas crises de depressão, desencadeadas após a conquista do maior prêmio da categoria, o Grand Slam, em 2018, e deixou um campeonato importante para cuidar de si. Em 2021, no auge das Olimpíadas de Tóquio, Simone Biles, 24 anos, a maior ginasta da atualidade, decidiu não competir na final, para priorizar sua saúde mental. A pressão por performance e resultados voltou a ser debatida nos grandes veículos de comunicação, assim como sinais de estresse e a prejudicial necessidade de  precisar provar seu valor constantemente. Daiane dos Santos, ex-ginasta brasileira e atual comentarista das Olimpíadas, disse que a reação de Simone indica que seu motricional não estava ligado com o mental, o que, trocando em miúdos, é confirmado pela atleta na seguinte fala em uma entrevista. “Sempre que você entra em uma situação de alto estresse, você meio que enlouquece. Tenho que me concentrar na minha saúde mental e não colocar em risco minha saúde e bem-estar. É uma bosta quando você está lutando com sua própria cabeça. Você quer fazer isso por si mesmo, mas ainda fica muito preocupada com o que todo mundo vai dizer.” Em seu perfil no Instagram, a atleta mostrou como treinar muito a fazia ter espécies de apagões, e que nos treinos ela poderia ‘desmaiar’ nos colhões, mas em uma competição, não teria esse apoio, o que aumentava o risco de lesões. Já Rebeca Andrade, 22 anos, mulher negra e brasileira, continuou a competir. O seguinte diálogo, entre um repórter e ela, recém ganhadora da medalha de prata, expõe como uma base psicológica mostrou seu valor e foi decisiva para ela nesse ambiente e após a saída de uma adversária importante. Repórter: Foi tão atribulada a chegada a essa final, eu digo, pro mundo da ginástica, por causa da Simone. O que passou na sua cabeça momentos antes, durante a competição? É difícil se desligar disso também? A gente sabe da importância que ela tem para o mundo da ginástica, era um nome a ser batido, cria uma pressão extra para quem estava competindo sem ela? Rebeca Andrade: Eu acho que o fato dela ter saído não foi nada negativo. As pessoas tem que entender que o atleta não é um robô, ele é um humano. Então, a decisão     que ela tomou foi a coisa mais sábia que ela pode fazer por ela, não foi nem pelos outros, porque não se brinca com a cabeça, sabe? Eu trabalho muito com a minha psicóloga por causa disso. Hoje, eu sou uma atleta diferente justamente pela cabeça que eu tenho. Porque eu acho que se eu tivesse em 2016, como eu era muito nova, muito crua, isso não teria acontecido. […] O que eu sempre falei nas entrevistas também, quando me perguntavam, o que eu sempre admirei nela era o psicológico dela, porque todo mundo sabe que ela é a melhor do mundo, que ela tem todo o talento, ela é incrível mesmo, sabe? Então eu sempre admirei muito isso, porque a pressão em cima dela era muito constante e era muito difícil, então ela acabava se cobrando muito também. […] Eu fiquei orgulhosa dela por ter tomado essa atitude e ter pensado nela antes de qualquer outra coisa. O que podemos aprender com elas? O recorte de um pedaço da vida dessas três mulheres, nos mostram que quanto mais elas entregam, mais é pedido. Por isso, equilibrar os pratos é uma atividade para o qual a preparação acontece ao vivo, sob o olhar de milhares de pessoas e, no caso das Olimpíadas de Tóquio, sob o olhar do mundo inteiro. Eu consigo imaginar a pressão, e você? Nem todo mundo consegue, e está tudo em tirar um tempo para si, dar um passo para trás. Mais do que chegar lá, é preciso muita coragem para se colocar em primeiro lugar e abrir mão de coisas pelas quais se lutou muito, quando aquilo diminui ou elimina seu bem-estar. Está tudo bem não querer se expor a jornalistas que vão fazer perguntas desconfortáveis ou não querer estar próxima dos fãs o tempo inteiro. Por aqui, como fã dos esportes desde pequena, continuo admirando essas mulheres dentro e fora do esporte! Torço para que elas fiquem bem e voltem a achar prazer em suas atividades. Desejo que essas decisões difíceis sirvam como plataforma para mudar paradigmas sobre saúde mental. Apesar da longa discussão, muitos ainda encaram isso como mimimi, mas, como vi por aí nas ruas da internet, “mimimi é a dor que não dói na gente”.

Biles, Osaka e Liz…

Foto de capa: Liz Cambage, Simone Biles e Naomi Osaka debatem a importância da saúde mental no esporte. Fotos: Getty| Arte: Karoline Souza/CLAUDIA O esporte está na minha vida desde que eu nasci. Quando tinha 3 anos de idade, sentava no colo do meu pai e assistia futebol com ele. Minha mãe tentou me colocar em balé, jazz e ginástica olímpica na infância. Lembro da Copa do Mundo de 94, eu chorando de emoção com o tetra do Brasil. Na mesma época, me apaixonei por Michael Jordan e vi todos os títulos do Chicago Bulls da década de 90. Logo em seguida, surgiu o Guga e seus títulos de Roland Garros no tênis e as irmãs Williams, fortes e dominantes. Mais para frente, vibrei com Daiane dos Santos e seus saltos incríveis no tablado da ginástica. Enfim, a cada tempo, surgiu alguém para eu admirar. Detalhe, sempre algo em comum: todas e todos atletas! Mais velha, tentei jogar handebol e vôlei e descobri que tinha talento para apoiar o time e minhas colegas, mas não habilidades para ser uma atleta.Mudei várias vezes de equipe, tive crush em diversos jogadores e troquei de esporte favorito, mas o que nunca mudou foi como meu coração batia forte todas as vezes que assistia um atleta pela televisão. Acordei na madrugada da ginástica artística para ver a Simone Biles. Não sei se você que me lê é apaixonado por esportes, mas quando vejo grandes atletas, sobretudo mulheres, me sinto próxima, como se fôssemos colegas. Então, eu precisava acordar para apoiar a Simone. Ela é um fenômeno da ginástica. O que sempre me impressionou em Simone e, em todos esses atletas que citei, foi o amor e respeito pelo esporte. Todos eles me inspiraram durante a vida a não desistir. Existe esse grande aprendizado em relação ao esporte para mim: o fracasso, as perdas, as lesões, as vitórias, as alegrias. As emoções são caminhos de aprendizados e possibilidades. Hoje, quando Simone desistiu de competir, mesmo sem parecer estar lesionada, senti um misto de angústia e dúvida sobre esses aprendizados, inclusive pensei: ‘ela é a Simone Biles. Atletas não desistem’. Isso durou alguns segundos! Em seguida, lembrei da tenista japonesa-haitiana Naomi Osaka e da jogadora de basquete australiana Liz Cambage. O que elas têm em comum com Simone? Todas desistiram. Diante da pressão desse momento delicado que vivemos de pandemia, elas abriram mão de competir em prol de sua saúde mental. Eu sou psicóloga, então sei bem como esse acúmulo de pressão que vivemos na vida pode nos prejudicar. Ainda mais para atletas que não puderam se preparar adequadamente nesse período de pandemia, que antecedeu as Olimpíadas. Além disso, eles são expostas a uma pressão por resultados e uma boa relação com imprensa e fãs. Nada disso é simples ou fácil. Cada uma dessas atletas tem seus motivos para colocar sua saúde mental em primeiro lugar e, mais uma vez, o esporte me ensina a lidar com os enfrentamentos da vida. Elas não desistiram. Elas foram muito corajosas em reconhecer que se sentir vulnerável faz parte do nosso processo como ser humano, não há nada de vergonhoso ou ruim nisso. A psicologia leva tão a sério a saúde emocional como forma de aumentar e potencializar a performance de um atleta, que temos uma especialidade somente para o tema: a psicologia do esporte. A lógica é, quanto melhor e mais preparado você se sentir, melhor vai performar. Se o atleta sente ansiedade ou medo de falhar, vamos trabalhar com ele técnicas de respiração, vamos acompanhá-lo nos momentos de competição e traçar um plano para que ele mantenha o rendimento e supere suas dificuldades. A ginasta brasileira Rebeca Andrade teve três cirurgias no joelho. Lesões são um dos maiores medos dos atletas, mas ela mesmo já contou que sua psicóloga contribuiu bastante na sua recuperação. Nessa competição, notei que ela usa técnicas de respiração para manter foco. Canalizando essas frustrações da lesão para o bem, ela teve um resultado incrível: a segunda maior nota no individual geral, ou seja, se classificou como a segunda ginasta mais completa do mundo. Para mim, não há nada mais importante que estar bem física e emocionalmente. Como diz Viktor Frankl, psiquiatra fundador da logoterapia: “quem tem um por que, aguenta quase todo como”. Que nossa maior motivação seja sempre nós mesmos! Obrigada Simone, Naomi, Liz e tantos atletas que seguem nos inspirando diariamente dentro e fora do esporte.

Trabalho e saúde mental: cuidado com as armadilhas!

No texto “O que é Saúde Mental e por que ela é o termo da moda dentro da psicologia?”, que postei nos últimos dias, mostrei muito brevemente a relação da saúde mental com a qualidade de vida, bem-estar e, claro, com o mercado de trabalho. Conforme os chamados transtornos psicológicos têm atingido mais pessoas, sendo os mais conhecidos depressão e ansiedade, mais soluções têm sido criadas na tentativa de contenção. A experiência que possuímos em nosso ambiente de trabalho afeta diretamente a nossa saúde mental, isso é um fato, e com a pandemia, vimos muitas empresas passarem a oferecer terapia, meditação, ioga, rodas de conversa e mais para os colaboradores. A intenção é boa, reconheço, mas há uma linha tênue entre ajudar e sobrecarregar o funcionário, individualizando uma questão que é mais complexa do que parece. Afastamento por transtornos mentais e outros dados Com a chegada do covid-19, muitas pessoas conseguiram migrar para o home office. Infelizmente, outras tantas não conseguiram e precisaram continuar circulando e se expondo diariamente a um vírus mortal. Tanto para quem fica, quanto para quem sai, lidar com um cenário de incerteza, de medo e com a vida social comprometida é uma carga que pode afetar a forma como lidamos com estresse, mudanças, desafios, como desenvolvemos relações sociais e, por fim, trabalhamos de forma produtiva. 2020 foi o ano em que a concessão de auxílio doença e aposentadoria por invalidez devido a transtornos mentais bateu recorde! Segundo a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, houve uma alta de 26% em relação a 2019, com 576,6 mil afastamentos. Entre eles, há maior incidência de afastamento por depressão e ansiedade. Assim como eu, você provavelmente escutou inúmeras reclamações de trabalhadores aflitos por não sentirem que existia uma separação entre vida pessoal e profissional. A hiperconexão tornou suas jornadas ainda mais exaustivas, mesmo em meio a questões relacionadas ao luto coletivo da atual crise sanitária. E para quem precisou continuar saindo de casa, a ideia de estar cada vez mais próximo da morte afetou toda a forma de ver a vida, além de muitos relatarem o medo constante de levar a doença para dentro de casa. A linha tênue da qual eu falei De acordo com um levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o brasileiro trabalha em média 8 horas por dia, o que representa 39,5 horas por semana. Para compararmos, a média global é de 36,8 horas por semana. Claro que isso mudou na pandemia para quem trabalha de casa por conta das questões que falamos no parágrafo anterior. Muitas empresas, na tentativa de manter a produtividade ou aumentar os lucros, passaram a oferecer atividades gratuitas ou a baixo custo que visam desenvolver soft skills e saúde mental. No entanto, muitas vezes a cobrança para se comparecer nesses espaços ou cumprir um número mínimo de horas de capacitação, que não raro acontecem fora do horário de trabalho, pode ser fonte de ansiedade para muitos. Por isso, fica o alerta: às vezes, ver um filme, fazer meditação e atividades para otimizar o tempo ou conversar sobre suas aflições pessoas, só vai fazer sentido para o colaborador se for feito em seu tempo e/ou com pessoas com quem ele tem outros tipos de relação, que não a profissional. Empregadores precisam ficar atentos a isso para não sobrecarregar funcionários que estão passando por algum tipo de questão envolvendo o tema. A intenção pode ser das melhores, mas em hipótese alguma diga que a pessoa não se esforçou para sair da depressão ou da ansiedade porque não se esforçou para participar das atividades que expandiram o horário de trabalho. Quando se torna uma obrigação, pode ter o efeito contrário do que você pensou inicialmente. Para finalizar, tem uma frase que eu não lembro onde ouvi ou vi, mas ficou gravada por aqui (quem souber, por gentileza, coloque nos comentários): a economia é recuperável, vidas não. Por isso, ao invés de tentar preencher a agenda com cada vez mais atividade, que tal verificar se as férias dos funcionários estão em dia? Que tal revisar horas de trabalho e se as equipes conseguem dar conta das demandas? É um trabalho necessário, que não deve ser feito de forma rasa. Um espaço respeitoso, inclusivo e que não invade a vida pessoal do funcionário pode dar mais resultado que inúmeras atividades “não obrigatórias”.