Eu sou uma apaixonada por esportes. Sempre fui, desde muito nova. Hoje fui assistir uma partida da liga americana de basquete, nesse processo de retomada do mundo com a Pandemia da Covid-19 e me deparei com uma manifestação histórica.

Antes de contar sobre o que me emocionou, começarei por outra história ainda dentro desse cenário esportivo.

Já ouviu falar em Colin Kaepernick? Ele é um jogador de futebol americano da NFL (Liga Nacional profissional de futebol Americano). Ele foi selecionado pelo time San Francisco 49ers em 2011, passou sua primeira temporada na liga como jogador reserva.

Em 2012, a combinação de passes precisos e muitas corridas dinâmicas, convenceram o treinador Jim Harbaugh a lhe dar uma chance no time inicial. Ele não decepcionou e levou seu time ao Super Bowl XLVII, em fevereiro de 2013 – quando caíram diante do Baltimore Ravens. Na temporada seguinte, ele de novo conduziu o time até a semi-final da liga, quando San Francisco perdeu para o Seattle Seahawks, que se sagraria campeão.

Em 2014 e 2015, seu rendimento caiu bastante – apesar do time desmontado, técnico novo – ele também foi responsabilizado, pois seu estilo de jogo não era mais uma novidade e uma das coisas que AMO no futebol americano é a capacidade dos times se adaptarem aos jogadores estrelas rapidamente, e nesse contexto, somente alguns seguem brilhando.

No ano seguinte, 2016, houve uma sequência de assassinatos de negros, vítimas de violência de estado nos EUA e eclodiram protestos por todo país: Black Lives Matter. Em um jogo de pré-temporada, era agosto de 2016, Kaepernick abaixou-se durante o hino nacional e se recusou a cantá-lo e após o jogo explicou: “Não vou me levantar e mostrar orgulho pela bandeira de um país que oprime o povo negro”.

As ações de Colin Kaepernick inspirararam outros jogadores, em esportes diferentes, como Stephen Curry e Carmelo Antony (NBA), a se ajoelharem durante o hino. O então presidente Barack Obama, primeiro negro a ocupar esse cargo nos EUA, endossou o gesto.

O que você acha que acontece quando um negro ousa desafiar o sistema de racismo institucional em um país capitalista como os EUA?

Seu time rescindiu contrato, alegando baixo rendimento. Apesar da ligar ter naquele momento, outros jogadores, na mesma posição com produção igual ou inferior a dele, inclusive nos anos seguintes. Os comentaristas brancos diziam que ele não tinha talento para a NFL. Os milionários brancos donos das franquias lhe fecharam as portas.

Colin nunca mais se recolocou na NFL e chegou a processá-la em outubro de 2017, alegando perseguição da entidade depois de receber inúmeras negativas de equipes que o chamavam para treinos, mas nunca ofertavam um contrato.

Lembro de ouvir de uma das minhas maiores inspirações que a transformação social é para os corajosos. O mundo sempre precisa de quem, mesmo com consequências duras e injustas, queira continuar lutando pelo que acredita, pelo que é certo para si e para os outros. Isso não é feito por uma obrigação e sim por ideal. Quem tem ideal, compreende o que eu estou falando.

Colin seguiu lutando. Ele não voltou a exercer sua profissão. Veja bem, ele não queria voltar a jogar por dinheiro e sim pelo direito de ser atleta, mas ao escolher ajoelhar por Vidas Negras, teve a sua história completamente mudada.

Hoje, ao ligar a TV e ver escrito em todas as quadras da Liga, na camiseta de todos os jogadores “Black Lives Matter” e em todas as partidas, os jogadores iniciarem ajoelhados, eu me emocionei e disse para mim mesma: você quer mudar o mundo? Vai dar bastante trabalho, provavelmente demorará MUITOOOO, mas pode valer a pena. Parafraseando o jogador do Los Angeles Lakers Lebron James, espero que Colin esteja orgulhoso do que fez, pois ele permaneceu ajoelhado, quando essa ação custou tudo para ele.

Obrigada a todxs corajosxs que já cruzaram meu caminho e me inspiram a seguir em frente!

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