MASCULINIDADE TÓXICA: Por que não uso essa terminologia?
Não estou negando que exista o machismo! Pelo contrário, estou propondo uma reflexão em um movimento da via de mão dupla. Como assim, Mari? Presta atenção que vou te explicar… A masculinidade da maneira como ela se posta hoje na sociedade, impacta não só as mulheres, mas também os homens. Eles são bombardeados por uma série de comportamentos estereotipados que ele deve seguir, do tipo: não pode se mostrar gentil e carinhoso, tem sempre que bancar o machão, resolver os seus problemas através de brigas físicas (com homens e mulheres). Inclusive,já existem estudos que apontam os prejuízos que esse comportamento pode trazer para os homens a Associação Norte Americana de Psicologia, estima que 80% dos homens americanos sofram de uma condição chamada alexitimia, que é uma desordem neurológica que afeta o processamento das emoções, isso pode acarretar uma série de doenças psicossomáticas, entre outras consequências. É preciso repensar os papéis, femininos e masculinos, para não cairmos nas armadilhas do machismo, que é um fenômeno social estrutural. Que atinge homens e mulheres de maneiras diferentes, causando muitos danos aos dois grupos, porém no caso das mulheres pode levar à m*rte, se pensarmos em violência. E no caso dos homens emocionalmente, gera violência. Como ele não tem como extravasar tudo que ele sente ou pensa, sem que a sua masculinidade seja questionada, ele acaba agindo/reagindo com violência.
Você é antirracista fora do Instagram também? Medidas para se tornar uma pessoa contra o racismo.
“Numa sociedade racista, não basta não basta não ser racista: é preciso ser antirracista”. Talvez, você já tenha ouvido essa famosa frase da filosofa estadunidense Ângela Davis. Se por um lado as discussões sobre o racismo ganham cada vez mais adeptos, por outro, os discursos de ódio também ganham cada vez mais espaço. Nesse contexto, ser contra o preconceito não é suficiente! A partir do momento em que você reconhece o racismo e entende como ele é um risco para avançarmos como sociedade, é necessário que essa consciência venha seguida de atitudes antirracistas, para assim, vermos mudanças reais. Quer saber como você pode ajudar? Então, confere as dicas que separei para você ser uma pessoa antirracista. 1. Saia da bolha! É preciso entender a realidade e a história de etnias diferentes. Pesquisar a história de culturas e povos, conversar e principalmente escutar as pessoas que não têm a mesma etnia que você. 2. Se posicione. Se posicione ao lado de uma pessoa que é vítima do racismo. Vale dar um abraço ou apenas ficar próximo para ela não se sinta sozinha. Além disso, procure de alguma forma denunciar a situação. O importante é não se calar. Racismo é crime, não piada! 3. Entenda seus privilégios Você sabe quais são os seus privilégios em relação às pessoas de etnias diferentes da sua? Para reconhecê-los, entenda as dificuldades que negros, indígenas e amarelos sofrem e compare se essas situações acontecem com você. 4. Incentive as pessoas a serem antirracistas Se você é branco, não tenha vergonha ou medo de falar sobre racismo com outras pessoas brancas. O importante é que a troca da informação nunca pare. Quanto mais falarmos sobre o assunto, mais pessoas iremos alcançar. Até porque, não adianta negros, indígenas e amarelos colocarem o lado deles, se as etnias que oprimem não estiverem abertas ao diálogo e dispostas a acabarem com o racismo.
Por que jovens negros tem mais chance a depressão
Você sabia que o Brasil ocupa o topo do ranking no número de casos de depressão na América Latina? Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 12 milhões de pessoas são afetadas pela doença no país! Inclusive, na faixa etária de 10 a 29 anos, o número dos casos de transtornos mentais também é preocupante, especialmente entre jovens negros, que chegam a ter 45% mais chances de desenvolver depressão que um jovem branco. Por isso, precisamos urgentemente olhar para a saúde mental dos jovens negros! Um ponto de partida para entender esse cenário é falar sobre raça, esse tema nos ajuda a entender como pretos e brancos são percebidos no Brasil, e consequentemente, as diferenças nas maneiras em que são tratados. Existe no Brasil um imaginário racial que, infelizmente, inferioriza pessoas negras, criado desde o período da escravidão, com a desumanização do povo africano os transformando em escravo, acompanhado de uma ideologia de dominação racial que valoriza a cultura de sociedades brancas e desvaloriza a herança das culturas de origem africana. Entretanto, além da escravização, temos as políticas de miscigenação e branqueamento, mortalidade infantil, encarceramento em massa, subemprego, desemprego e miséria, que são algumas das expressões do racismo atual na nossa sociedade. Infelizmente, o racismo está presente desde a infância até a vida adulta da população negra, e podemos ver o impacto devastador disso, através de sentimentos de inferioridade, baixa autoestima, sentimentos de vergonha, culpa, medo, angústia, ansiedade, insegurança, inadequação, autocobrança excessiva, rigidez… Para inverter este quadro precisamos combinar uma série de fatores, como por exemplo, políticas públicas de combate e a valorização dos movimentos sociais. É possível e preciso sentir prazer e orgulho de ser quem se é, cultivando amor interior e atuando coletivamente para podermos curar as sequelas do racismo.
Por que somos tão preconceituosos com o outro?
Primeiro, antes de responder a essa pergunta, quero contextualizar o sentido da palavra preconceito. O preconceito é ação de julgar algo ou alguém antes de conhecer. Esse prejulgamento é feito nas mais diversas situações cotidianas, por exemplo, estranhar uma comida que você não experimentou e julga pela aparência. Em outras palavras, o preconceito é um mecanismo usado no convívio e nos momentos em que nos deparamos com o não familiar, o desconhecido ou o diferente. Embora seja um artifício usado em nossas experiências, o preconceito se torna um problema nos convívios sociais quando significados pejorativos são atribuídos a outros indivíduos ou a grupos de forma generalizada, sendo subestimado pelos seus traços étnicos ou raciais, sem considerar seus contextos e particularidades. Em nosso contexto brasileiro, o preconceito racial é o mais comum e o mais problemático em suas consequências. Uma delas é a segregação racial ou o racismo, que também está intimamente ligada a problemas sociais como a desigualdade, a violência e a pobreza. O preconceito racial brasileiro começou como consequência da escravidão, porque os negros eram considerados, até pelos mais estudiosos da época, seres inferiores, associados a animais e desprovidos de inteligência. Além disso, o preconceito também se desdobra em certos valores, na linguagem, em termos pejorativos e no ideal de beleza. O combate a esse tipo de preconceito é urgente e deve ser eliminado por meio da educação, que deve servir como parâmetro de compreensão do mundo e das diferenças, tendo como objetivo a afirmação da igualdade de direitos e deveres que independente de sexo, gênero, cor, orientação sexual, crença ou situação econômica.
Negros no mercado de trabalho: precisamos falar sobre isso
O tema “diversidade nas empresas” está mais em alta que o dólar! Tenho certeza que você reparou que não só nas propagandas tem mais cores, mais culturas e mais comunidades. O Linkedin, a maior rede social profissional do mundo, está em polvorosa com o tema e já não existe vergonha em comentar em publicações de empresas que insistem em fechar os olhos para a questão “cadê os negros, os indígenas, as mulheres, os PDCs e a comunidade LGBTQIA+ nesse time?”. Ainda bem que, cada vez mais, não incluir, não fazer esforço para ter pessoas diversas na equipe é mal visto. O argumento de que não existem profissionais qualificados não cola mais, assim como o famoso “nenhuma pessoa diversa se inscreveu”. Inúmeras consultorias, que trabalham justamente para garantir a inclusão dessas pessoas, estão disponíveis no mercado para ajudar as empresas nesse quesito. Ainda no contexto, nos últimos anos, milhares de pessoas negras conseguiram ingressar na universidade por conta das cotas. Formadas, elas enfrentam ainda muitos desafios para ingressar e se manter no mercado formal de trabalho, por isso que sempre fico feliz quando vejo depoimentos daqueles que conseguiram uma oportunidade de mostrarem seu valor e garantir que a mobilidade social tão sonhada aconteça. Nem tudo são flores A dificuldade de grupos dominantes para abrir mão de privilégios construídos por séculos é imensa e muito perceptível para os grupos diversos acostumados a lidar com todo tipo de discriminação! Muitos, na tentativa de sair bem na fita, contratam pessoas desses grupos, mas ainda pensam na lógica dos séculos passados, e não conseguem ajudar esses colaboradores no crescimento de suas carreiras. A tentativa de manutenção de estruturas sociais passa pela falta de promoção, pelo pagamento de salários menores e também pela colocação daquele funcionário diverso, não por acaso, em situações vexatórias, como por exemplo, fazer o café para todos os outros colegas de equipe na mesma posição ou insistir em apelidos racistas, LGBTfóbicos ou capacitistas. Uma pesquisa realizada pelo Indeed em parceria com o Instituto Guetto com trabalhadores negros, revelou que 47,8% não têm um senso de pertencimento nas empresas em que trabalham ou trabalharam. Essa falta está diretamente ligada a discriminação racial. A modernização do racismo em uma tentativa desesperada para não abrir espaço para a diferença pode ser vista nessa sensação. O caso da base da pirâmide Fui procurar o caso de Luanna Teófilo, uma mulher preta que foi condenada a pagar 15 mil reais de indenização para uma empresa depois dela sofrer racismo, ter sido escoltada para fora da empresa aos gritos e denunciar a situação, e encontrei muitos outros! E a maioria foi contra mulheres negras. A consultoria Indique Uma Preta e a empresa de pesquisa Box1824 lançaram a pesquisa “Potências (in)visíveis: a realidade da mulher negra no mercado de trabalho”, que explica de forma muito detalhada o que mulheres negras enfrentam nos locais de trabalho. O levantamento, que é um dos maiores já feitos aqui no Brasil, mostra que, apesar da mulher negra representar a maior força de trabalho no país, segue sem representação igualitária no mundo corporativo. 51% das entrevistadas afirmaram que receber promoções foi difícil ou muito difícil nos últimos anos. 37% delas disseram estar insatisfeitas ou muito insatisfeitas com esse fator, e 54% das mulheres negras de classe CDE afirmam que o reconhecimento profissional é difícil ou muito difícil. A pesquisa mostrou também que 44% das mulheres ouvidas pela pesquisa se sentem inseguras para acreditar no seu potencial e trabalho, 42% temem se posicionar ou falar em espaços coletivos e 41% têm a qualidade de vida alterada (sono, ansiedade, bem estar). Por fim, 32% fazem alterações compulsórias sobre a estética para se adequar aos espaços de trabalho. Leia mais sobre o estudo aqui. Fico pensando o quanto deve incomodar ver uma mulher negra em posições estratégicas. Há a tentativa desesperada de destruir a autoestima daquela mulher que carrega na pele lutas de séculos e tirar seu brilho. No entanto, ao mesmo tempo que machuca, também as fazem ir atrás de redes de apoio para desenvolver mais formas de chegar onde merecem e sonharam! Não vamos retroceder!
Por que somos tão preconceituosos com o outro?

No mês passado, Roberta, uma travesti de Recife, teve 40% do corpo queimado publicamente, mais especificamente em um ponto de ônibus no Cais de Santa Rita. Eu sempre me pergunto: de onde vem tanto ódio? A quem interessa lidar com essas pessoas apenas nas sombras, nas partes mais obscuras da internet e não aceitar vê-las na rua, existindo, trabalhando e tendo seus direitos garantidos e respeitados? Parte dessa comunidade recorre à prostituição para se manter viva. Te desafio a fazer o teste do pescoço, ou seja, olhar para os lados e ver quantas pessoas desse grupo social, que representa o T de uma sigla já conhecida, trabalham ou estudam com você. Com o resultado, percebemos que há ainda muito pelo o que lutar. Garantia de direitos fundamentais como acesso aos estudos e à saúde é urgente. Em junho, é comemorado mundialmente o Mês do Orgulho LGBTQIA+, mesmo assim, isso não protegeu essas pessoas da violência e não mobilizou a maioria dos políticos para criar leis realmente inclusivas. Nesse mesmo mês de luta, uma representante política, a qual não vou citar o nome, rejeitou a inclusão de mulheres trans nas políticas de combate à violência à mulher, no mesmo município. O Brasil continua sendo o que mais mata travestis e transexuais no mundo. Entre janeiro e agosto do ano passado foram assassinadas 129 pessoas trans no país, de acordo com a Associação Nacional de Transexuais, o que representa um aumento de 70% em relação a 2019. E aconteceu em 2021: Benny Briolly, a vereadora eleita mais votada de Niterói, teve que sair do país por conta de ameaças de morte! A vereadora eleita, repito, primeira mulher transexual eleita para a Câmara Municipal em Niterói, município do Rio de Janeiro, precisou sair do Brasil para proteger sua vida. Por que a política, em um país democrático, aceita certos grupos e finge aceitar outros? Por que não há inclusão e igualdade da população travesti e transexual no mercado de trabalho ou nas posições de decisão? Tivemos uma mudança, uma mulher transexual foi eleita com muitos votos, mas o que foi feito estruturalmente para mantê-la no local conquistado? Luta de ontem, luta de hoje Muito da intolerância e do ódio vem do desconhecimento, do estigma ou de algo que foi falado e tomado como verdade marcada em pedra, mas não precisa ser assim. Eu acredito que as pessoas podem mudar, refletir sobre assuntos considerados tabus e mudar suas percepções. No entanto, pensar positivo não é o suficiente, principalmente conhecendo a história de Marsha P. Johnson, uma vanguardista, ativista travesti pioneira na luta pelos direitos da comunidade LGBT, nos EUA. Ela foi também uma das líderes da revolta de Stonewall, que lutou contra o desprezo, a ridicularização e o ódio após uma batida policial truculenta em um bar da comunidade. Em vida, com sua energia contagiante, Marsha exigiu com suas companheiras reconhecimento econômico, jurídico e aceitação. Infelizmente, foi assassinada em 1992, também em um espaço público. Recomendo que você assista um documentário sobre ela na Netflix para entender mais sobre o assunto. É necessário o apoio das autoridades (já fiz um texto sobre como ocupar espaços políticos pode mudar as coisas), destruir o preconceito e o machismo, visto que, entre os agressores, homens são a maioria, com ações propositais e persistentes até que nenhuma mais seja morta por transfobia. É preciso ainda discutir mais sobre o racismo, garantir que leis sejam efetivamente cumpridas! Grande parte das mulheres travestis e transexuais assassinadas são negras, e isso não é por acaso. A luta deve ser coletiva por inclusão no mercado de trabalho, na política, no cinema, e onde mais essa comunidade quiser! Eu espero que se as pessoas se abram mais, se permitam questionar crenças e promover o respeito. No mais, sigam pessoas travestis e transexuais nas redes sociais, ouçam o que elas estão dizendo e compartilhe com familiares, amigos, para que eles possam se abrir também. Mas lembre-se, isso não é tudo! As eleições estão chegando e nós podemos escolher pessoas mais comprometidas com a mudança.