O tema autocuidado tem crescido bastante nos últimos anos. Com certeza você notou a mudança nas novelas, nos influencers e nos papos de bar com as amigas. Se entrar no Instagram e colocar #autocuidado na busca, por exemplo, vai notar que existem diversos tipos, entre eles, autocuidado emocional, consciente, feminino, natural, materno, feminista, na quarentena, amoroso, físico, masculino, facial, íntimo, enfim! Muitos!

O que vai errado com o autocuidado?

Naturalmente, a indústria viu uma oportunidade de ganhar dinheiro em cima da temática também, por isso, não raro vemos propagandas (mais conhecidas como #publis) nas redes sociais apontando a solução para se sentir bem na compra impulsiva de produtos exóticos e, muitas vezes, inacessíveis. A promessa é que eles vão te colocar em uma lista seleta de pessoas, farão um milagre no seu corpo, vão mudar a sua vida e serão totalmente indispensáveis na sua casa. Uma pesquisa de 2018 feita pela empresa de análise preditiva IRI mostrou que esse mercado movimenta US$ 450 bilhões só nos Estados Unidos.

Um outro estudo mais recente e nacional, do IBOPE, encomendada pela Bayer, mostrou que 84% dos entrevistados buscam ter uma rotina de autocuidado, mas apenas um terço deles consegue fazer isso de forma regular. Paralelo a isso, estamos cada vez mais viciados em telas, que, de forma geral, ainda distribuem uma imagem ilusória do que é saúde, bem-estar e equilíbrio. Os click baits, ou seja, títulos chamativos feitos com o objetivo de persuadir, nos encaminham para corpos irreais, práticas que só poderiam ser mantidas a longo prazo se não tivéssemos mais nada para fazer, entre outros.

Para quem se nega a entrar nessa roda, sintomas de FOMO (Fear of Missing Out, ou, em tradução livre, medo de ficar de fora) podem surgir. Tudo isso casa com uma cultura de correria, de trabalhar até não poder mais, de buscar soluções rápidas para questões sérias ou simplesmente naturais, como ter espinhas.

Questões culturais que perpetuam a desigualdade de gênero

Mais pesquisas mostram que mulheres cuidam muito mais de outras pessoas. O machismo dentro dessa sociedade que ainda é majoritariamente patriarcal, nos coloca nesse lugar. É comum ouvir “se eu não faço, ninguém faz” ou “não tenho tempo para nada”. Mesmo fora do ambiente doméstico, em nossos trabalhos e empreendimentos somos maioria no setor de serviços e ainda poucas em cargos de alta liderança. (Você pode ler um pouco mais sobre isso aqui).

Por meio do levantamento “Tempo de cuidar: o trabalho de cuidado não remunerado e mal pago e a crise global da desigualdade”, a Oxfam denunciou que mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas por dia ao trabalho de cuidado não remunerado, ou seja, atividades como cuidar de outras pessoas, cozinhar, limpar, buscar água e lenha.

Por conta dessas questões, muitas mulheres se culpam por se autocuidar, ou são taxadas de egoístas por quererem tirar um tempo para si. Mas, precisamos todos entender que o autocuidado é cuidar do outro também. Na minha opinião o motivo do autocuidado deve ser individual, mas pensando de forma mais ampla, todos se beneficiam.

Dicas finais para começar o autocuidado hoje

Não quero aqui ser simplista nas dicas. Como vimos, apenas um terço das pessoas consegue desenvolver a prática. Por isso, sugiro começar com pequenos hábitos. Pequenos mesmo, como por exemplo, antes de cortar as unhas, fazer uma imersão breve de cinco minutos em uma água com camomila. Ou então tentar dormir uma hora mais cedo, ou então, tomar três respirações profundas toda vez que perceber que está com algum tipo de ansiedade.

Saber desligar da tecnologia é essencial para nossos estados de ânimo, assim como o contato com a natureza e a observação de nossa saúde mental. Por fim, autocuidado é diferente de aparência física. É um ritual de autopreservação em um caminho longo e nem sempre fácil. É um carinho para você, um espaço vitalício de cura e conexão.

Vale dizer que muitas soluções para promover bem-estar e a saúde podem ser encontradas na natureza ou com valores acessíveis em mercados, casas de ervas, vizinhas ou pessoas mais velhas da sua própria família. Autocuidado não deve ser limitado a skin care, dietas restritivas, procedimentos estéticos, gurus ou exercícios excessivos. Práticas de cultivo desses dois pontos bases para o autocuidado podem ser feitas no dia a dia, sem necessariamente envolver relações comerciais.

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