Há não muito tempo atrás, pessoas como eu, seja pela raça, classe ou gênero, não podiam votar. Atualmente, o Brasil é a quarta maior democracia do mundo e isso significa que todos os cidadãos são detentores de poderes políticos, assim como direitos e deveres, previstos na Constituição.

Em novembro do ano passado, quando ocorreram as eleições municipais para escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, o número de pessoas que podiam votar chegou a quase 148 milhões. Dá para imaginar essa potência espalhada por 5.568 cidades? No fim do texto eu mostro para você os resultados desse pleito que foi um grande avanço, na minha opinião.

No ano que vem, teremos mais uma oportunidade de aproveitar o nosso mundialmente reconhecido sistema eleitoral para mudar cenários que nos incomodam. E pode confiar: segundo o Tribunal Superior Eleitoral, nosso sistema possui mecanismos que garantem a segurança e a liberdade do voto. Ele já foi utilizado com sucesso em 12 eleições sem que fosse comprovada fraude, ao contrário do observado em votação com cédulas de papel.

Voltando um pouco no tempo

O Brasil passou pelas colônias, em 1500, pelo Império, em meados de 1800, pelo Estado Novo, em 1900 e, no mesmo século, pela ditadura militar, em 1964. Finalmente, após esses períodos não muito inclusivos, ingressamos no sistema que temos hoje, a democracia, que estimula o voto a partir de 16 anos sem distinção de raça, gênero ou classe.

Para estarmos aqui, muita raiva foi convertida em ação! Imagina que para uma pessoa poder ser política, em 1824, ela precisava ser o que eles chamavam de ‘homem bom’. Essa figura, além de ter compromisso com a preservação dos interesses do império, precisava provar ser distinta atendendo aos seguintes requisitos: ter mais que 25 anos, ser católico, casado, proprietário de terras e não ser considerado impuro, em outras palavras, não ter sangue de uma pessoa negra ou indígena no corpo.

Dando um pulo, em 1932 (antes tarde do que nunca!), o direito ao voto feminino foi sancionado após um longo histórico de reivindicações, mas a porcentagem de mulheres na política, entre outros grupos, continuou baixa.

Infelizmente, tivemos um período também obscuro a partir de 1964, onde atos institucionais promovidos pela ditadura militar cancelaram eleições, cassaram mandatos e partidos políticos e permitiu que militares prendessem, torturassem e até matassem opositores.

Graças à muita organização e estratégia, em 1983 o movimento político e popular Diretas Já passou a lutar pela volta das eleições diretas ao cargo de presidente do país. Tal mobilização culminou na Constituição Federal de 1988, que é a lei fundamental e suprema do Brasil.

Para fechar nossa breve retrospectiva, em 1997, o nosso já citado TSE, visando maior participação de mulheres na política institucional, precisou estabelecer a seguinte regra no artigo terceiro da Lei das Eleições: “Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo.”

Já percebeu a luta para manter privilégios?

Olhar muito brevemente para tudo isso te faz lembrar de algo? Mesmo que não dito ou escrito, muitas dessas estruturas continuam. Elites agrárias, por exemplo, não queriam que a escravidão acabasse. Seus filhos distintos e formados nas universidades internacionais, voltaram para o Brasil para lutar pela concentração de terras e pelo patriarcado.

Entender um pouco dessa história nos deixa mais conscientes para a luta de mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+, PCDs, indígenas, entre outros grupos, para conseguirem mais direitos, espaço, educação e alimentação. Aproveitar a chance de termos o direito ao voto para escolher representantes realmente preocupados com a mudança e inclusão é muito importante. Veja a seguir o porquê.

Mudanças palpáveis

Nas eleições de 2020, pela primeira vez na história do Brasil, o número de candidatos negros (pretos e pardos, segundo o IBGE) chegou a 276 mil candidatos, ou seja, 49,95% do total de concorrentes.

Já as candidaturas femininas chegaram a 184 mil, o que representa 33,4% do total. Entre os indígenas, 2.100 pessoas se candidataram, representando 0,4% do total, um aumento de 25% em relação à última eleição municipal. Veja mais aqui.

Estou feliz por ver onde chegamos e extremamente esperançosa com mais mudanças em 2022, e você? Já escrevi bastante sobre política por aqui, mas quero indicar um sobre o voto útil e o outro sobre machismo, misoginia e sexismo, cujo comentário de um homem defendendo que mulheres deveriam ficar em casa cuidando dos filhos só me prova como estou no caminho certo. Há espaço para mudanças, vamos juntos e com consciência!

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