Vivemos em uma sociedade que ainda não sabe muito bem como falar sobre saúde mental. Em diversas ocasiões, em conversa com gestores de empresas, eu percebi uma certa resistência em utilizar o termo “saúde mental” em programas internos, como se o assunto fosse pesado demais para um ambiente corporativo.

Precisamos quebrar esse tabu e falar abertamente sobre saúde mental, normalizar esse tipo de diálogo e compreender que ela faz parte dos cuidados que precisamos ter com a gente mesmo. Afinal, como vamos cuidar de algo que sequer conseguimos verbalizar?

A ideia deste artigo surgiu logo após a segunda edição do painel Diálogos Possíveis, onde convidei pessoas incríveis para discutir sobre como falar abertamente sobre saúde mental. Estiveram presentes a Amanda Ramalho, do Esquizofrenoias, a Mafoane Odara, do Instituto Avon, o Ariel Nobre, criador do filme Preciso dizer que te amo e a Marina e o Victor, do Sampa Talks.

Muita coisa boa foi dita e, de toda a experiência desse dia, eu acabei anotando alguns pontos que se destacaram na fala de todos. Vou abordar cada um deles ao longo do texto e espero que eles sirvam de reflexão e de motivadores para que você também consiga falar abertamente sobre saúde mental após a leitura. 

Estabelecer relações saudáveis

Logo na primeira rodada, a Mafoane comentou sobre um caso que teve grande repercussão no LinkedIn de uma pessoa que recusou participar de uma entrevista de emprego que seria realizada em um domingo, pois esse seria o seu dia de descanso (e o da maioria das pessoas). O fundador da empresa que estava oferecendo a vaga decidiu retirar essa pessoa do processo seletivo, pois viu nessa atitude uma falta de comprometimento da parte do candidato.

Bom, quantas vezes nos sujeitamos a algo que esteja fora dos nossos princípios em função de outras pessoas? O tal candidato, ao seguir o que julgou ser o mais importante para si, abriu mão de uma vaga de emprego, que poderia trazer-lhe mais segurança e conforto financeiro. Mas como ficaria a saúde mental dessa pessoa, caso ela tivesse seguido no processo e sido contratada. Que tipo de relação de trabalho seria estabelecida?

As relações que estabelecemos podem ser um dos principais fatores de impacto em nossa saúde mental. Conviver em ambientes tóxicos, não apenas no trabalho, mas também em casa e com amigos, pode provocar adoecimentos sérios e progressivos, com consequências graves se não forem tratadas a tempo e a contento.

Pensar coletivamente

Uma frase dita pela Mafoane em certo ponto chamou muito a minha atenção: “Viver entre os iguais te possibilita viver a vida, viver entre os diferentes te possibilita viver o universo”. As redes sociais nos permite compartilhar gostos e desgostos em comum, mas também nos colocou em bolhas, que vivem em pé de guerra umas com as outras.

O documentário da Netflix “O dilema das redes” evidencia isso de forma brilhante. Os algoritmos foram desenvolvidos para entregar os conteúdos mais interessantes para os usuários, mas, com isso, acabou fazendo com que eles deixassem de ver todas as outras possibilidades de visões e assuntos. Estamos limitando nossos horizontes cada vez mais e dificultando a construção de diálogos saudáveis e que gerem construções de conhecimento benéficas para toda a sociedade.

Além disso, não medimos o que falamos e como isso vai atingir o colega ao lado. Queremos dar a nossa opinião, mas não estamos dispostos a ouvir a opinião do outro. As críticas e a negatividade estão invadindo os espaços virtuais e extrapolando para o mundo real. Deveríamos estar espalhando amor, mas estamos dando palco para cada vez mais discursos de ódio.

Nos entendermos como seres integrais

Um ponto que tem muito a ver com a linha da psicologia que eu sigo, que é a existencialista, é que precisamos nos entender como seres integrais. Isso significa que não conseguimos dissociar nossas diferentes áreas da vida e sermos plenamente felizes focando em apenas uma delas. Temos que integrar a nossa saúde física, mental, financeira e amorosa para promover o nosso bem-estar.

Podemos comparar o bem-estar pleno com o funcionamento do corpo humano. De nada adianta cuidar apenas de um órgão e ignorar os demais, pois todos eles estão conectados e precisam estar em boas condições para que todo o sistema funcione bem. Se pegamos uma gripe, que é uma doença respiratória, sentimos sintomas por todo o corpo. Se ficamos sobrecarregados no trabalho, ficamos estressados, temos dores de cabeça, ficamos irritados, não temos tempo nem disposição para conversar com amigos e familiares, não conseguirmos produzir bem e podemos até ter perdas financeiras dessa baixa produtividade. Note como tudo em nossa vida está conectado.

Investir no autocuidado

O autocuidado é um olhar especial para si. É pensar em si mesmo em primeiro lugar, como alguém que merece e precisa ter a sua atenção. Sem cuidar de si, fica impraticável cuidar do outro de forma consistente e duradoura. Uma das falas citadas no painel foi de que a falta do autocuidado gera relações mais vazias, sem fundamento. É como uma casa construída sobre a areia.

A chegada da pandemia de COVID-19 acabou acentuando muita coisa. Ficamos mais tempo em casa, temos menos alternativas de descanso e de fuga da rotina, precisamos aprender a dividir os espaços e as tarefas domésticas e tudo isso gerou impactos na saúde mental da população. O assunto começou a ser visto de forma mais ampla e aberta, com mais pessoas vivenciando dificuldades em manter a mente saudável diante de tantos novos desafios.

Investir em autocuidado vai além de pagar por terapia e remédios. É investir tempo e, principalmente, atenção para o seu bem-estar. É dedicar um espaço no dia para fazer algo que goste muito, ou encontrar um novo hobbie para se dedicar. É passar mais tempo de qualidade com a família, é sair para passear com o seu cachorro. Enfim, é cuidar de si.

Falar sobre saúde mental não deve ser algo complicado ou mesmo um tabu. Todos precisamos cuidar das nossas mentes, da mesma forma como precisamos cuidar dos nossos corpos para nos sentirmos bem e felizes. Desde o início até o fim do painel, o que mais foi repetido por todos os participantes foi que o que precisamos fazer para conseguirmos tratar esse assunto de forma mais aberta e natural é apenas falar, falar e falar.

Se você gostou desse texto e entendeu a importância do autocuidado para manter a saúde mental em dia, eu tenho um convite a fazer. Que tal começar um desafio consigo mesmo de 30 dias seguidos de autocuidado? Para ajudar, eu criei um calendário que você pode baixar e anotar o que pretende fazer ao longo desses 30 dias e ainda, como bônus, eu listei 30 sugestões para inspirar a montar a sua própria lista. Baixe agora mesmo o Calendário 30 dias de autocuidado, é gratuito!

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