O Setembro Amarelo é uma campanha de prevenção ao suicídio que vendo sendo realizada anualmente desde 2015 no mundo todo. Como psicóloga clínica e ciente da importância dos cuidados com a saúde mental das pessoas, não poderia deixar de fazer a minha parte.

Por isso, resolvi escrever este artigo onde vou mostrar alguns dados preocupantes sobre as taxas de suicídio no Brasil, os principais fatores que influenciam o agravamento da situação e a importância do autocuidado como ferramenta de fortalecimento da autoestima e prevenção ao suicídio. Acompanhe.

Dados importantes e impactantes sobre o suicídio

O suicídio é um assunto que ainda é um tabu para muitas pessoas, mas só porque se evitar falar sobre ele que ele não aconteça. Inclusive, as estatísticas mais recentes sobre essa questão não são nada bons e todos precisamos conhecer e nos atentar. Veja a seguir.

1 morte a cada 45 minutos no Brasil, 1 a cada 40 segundos no mundo

Todos os dia, 32 brasileiros e brasileiras chegam ao seu limite e tiram a própria vida. É uma morte a cada 45 minutos, que poderiam ser evitadas com a ajuda de ações preventivas diversas. No mundo, esse índice chega a 1 morte a cada 40 segundos.

Um estudo da Unicamp revelou que 17% das pessoas no Brasil já pensaram, alguma vez, em cometer suicídio e, dessas, quase 5% chegaram a fazer planos a respeito disso. São pessoas que podem estar ao seu lado, no seio da sua família, em sua roda de amigos, e que não precisam chegar a esse extremo.

Doenças mentais estão entre as principais motivações

O suicídio é o ponto final de um processo que pode levar meses e até anos. Alguns dos transtornos mais comuns dos tempos atuais são também gatilhos para o cometimento de um suicídio. A depressão e a ansiedade são exemplos clássicos que, quando não tratados com a devida gravidade que têm, podem evoluir para algo pior.

Fatores que estão por trás das estatísticas

Os dados que apresentei no início do texto mostram a ponta do problema, mas as raízes são bastante profundas e é nelas que devemos focar. Pensando nisso, trouxe algumas reflexões importantes a serem feitas sobre o assunto.

A sociedade está cada vez mais exigente

A idealização de pessoas perfeitas parece coisa do nazismo, mas acontece todos os dias em nossa sociedade. Fomos educados desde muito novos sobre os padrões de beleza no modelo Barbie e Ken, na busca pelo enriquecimento como forma de aceitação e, o pior de tudo, a esconder nossos sentimentos negativos por debaixo de sorrisos amarelos.

Por dentro, estamos em ruínas, mas a sociedade não quer saber como você está, ela apenas julga a forma como você se veste, o tamanho do seu corpo, a cor da sua pele e tudo o que estiver aparente.

As mídias sociais podem ser muito cruéis

Como se não bastasse conviver com todas essas exigências absurdas no mundo real, as rede sociais chegaram como uma ferramenta de disseminação do problema. Por um lado, temos aqueles que mostram um mundo feliz, onde tudo o que acontece é legal e ao mesmo tempo inalcançável para muitos. 

Por outro lado, temos as pessoas que estão carregadas de crueldade, que usam o ambiente virtual para atacar quem não é ou age da forma como elas julgam ser correta. Em lugar de criar diálogos, elas criam discórdias e alimentam a cultura do ódio.

A pandemia só agravou o cenário

A pandemia do novo coronavírus acabou agravando os problemas de saúde mental da população em decorrência de dois fatores principais. Primeiro, pela privação da liberdade, que fez com que as pessoas precisassem se manter isoladas, longe de quem elas amam e sem poder sair para espairecer ou praticar uma atividade física.

Segundo, porque ela trouxe a preocupação constante com a saúde, algo que beira à neurose. A cada ida ao mercado, ao receber uma entrega, a cada interação com alguém, vem em mente uma chuva de perguntas: será que higienizei tudo corretamente? será que encostei em algum lugar e não vi? será que trouxe o vírus para dentro da minha casa?

Enfim, tudo isso combinado traz ingredientes suficientes para ligar o sinal de alerta para inúmeras condições mentais que podem evoluir para uma tentativa de suicídio.

Autocuidado como ferramenta de prevenção ao suicídio

Como sou uma pessoa positiva e não gosto de focar no problema, mas sim na solução, quero falar sobre ações preventivas simples, que você pode implementar no seu cotidiano de forma fácil e natural.

Fique atento aos menores sinais

Como disse anteriormente, o suicídio é o ponto final de um processo, geralmente, bem longo. Isso significa que existem muitos sinais que podem ser percebidos a tempo de evitar o agravamento da situação. Basta ficar atento a eles.

Ficar triste sem saber o porquê, ter pensamentos negativos com frequência, não se animar com possibilidades futuras, tudo isso são pequenos sinais que a nossa mente nos dá de que algo não vai bem. Por isso, observe-se mais, olhe com atenção para os seus sentimentos e busque compreendê-los. 

Não permita que a situação evolua

Ter um dia ruim é normal, ficar triste durante vários dias, não. Logo que perceber os primeiros sinais, não deixe que eles evoluam e assumam o controle da sua vida. Tire o foco da negatividade e busque realizar atividades que te ajudem a virar essa chave e melhorar os seus dias. Distraia-se com algo que goste de fazer e não se cobre demais.

Busque ajuda 

Em alguns casos, os sentimentos negativos já estão em um estágio mais avançado e a pessoa não tem forças suficientes para virar o jogo sozinha. Se esse é o seu caso, não se cobre, nem se sinta incapaz ou insuficiente. Saiba que você pode estar doente e precisa tratar essa doença para que ela não se agrave ainda mais.

Um simples resfriado pode ser tratado em casa, mas, se ele evolui para uma pneumonia, será preciso buscar ajuda em um hospital. Um dia ruim acontece, mas, se ele evolui para um quadro de depressão, será preciso contar com a ajuda de especialistas, tais como psicólogos ou psiquiatras.

Setembro amarelo e a importância das ações de prevenção

O Setembro Amarelo é apenas uma forma de trazer a questão da prevenção ao suicídio para as rodas de discussão da sociedade como um todo. O mais importante é ter atenção e cuidado com a saúde mental ao longo do ano todo. A prevenção é a melhor forma de evitar que uma pessoa atinja o seu limite e tire a própria vida.

Aproveite este mês para investir em autocuidado e autoconhecimento, tenha um olhar mais atento para si mesmo e valorize-se. A sua vida é muito valiosa, você é uma pessoa muito importante. Fique bem.

Se você que saber como cuidar da sua saúde mental de forma acessível, confira a live que fiz com a Karol da Criativamente com o tema Cuidados acessíveis com a saúde mental.

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