Por que as mulheres devem se unir e batalhar pelos seus direitos?

No meu último texto, falei sobre o poder do voto para mudar cenários cristalizados por séculos. Quis fechar a nossa conversa indicando um texto sobre machismo, misoginia e sexismo que fiz em novembro do ano passado. O conteúdo faz todo sentido e foi baseado em pesquisas e experiências pessoais, não só minhas como de mulheres que conheço. No entanto, o comentário de um homem ao que foi escrito só me mostrou o quanto a luta por direitos e as ações para quebrar o preconceito de gênero ainda são indispensáveis. Basicamente, o senhor defendeu abertamente que mulheres deveriam ficar em casa cuidando dos filhos. Infelizmente, ainda temos que lidar pessoalmente e no mundo virtual com comentários do tipo, além de olhares de reprovação às mulheres que decidem fazer carreira ao invés de perseguir o ideal de dona de casa que dá conta de tudo sem reclamar, pelo contrário, com um amor infinito no coração. A mulher que ousa dizer que não é frágil e não necessariamente precisa de um homem, é frequentemente tida como irracional. E o que dizer das corajosas que vão contra os padrões de beleza? Estrutura filmada e reproduzida Esses dias, estava conversando com uma amiga sobre como mesmo em séries progessistas ou naquelas que deveriam oferecer algum tipo de lazer, a narrativa de mulheres que têm tudo para ser bem sucedidas e resolvidas, acaba girando em torno de uma pessoa do sexo oposto. Sempre tem aquela mulher que larga o emprego dos sonhos para que o marido siga seu sonho em uma outra cidade com ela ao lado, dando todo tipo de apoio. Tem também aquela protagonista que recebe a notícia com a qual ela sonhou a vida toda, mas não consegue se alegrar por causa de uma mera discussão que teve mais cedo com o namorado. Pode parecer paranóico ou dramático demais, eu sei! Mas quando a gente para e pensa sobre os condicionamentos desde o berço, é comum nos sentirmos frustradas ou previsíveis demais. Mas eu sou a favor da mulher ser dona de suas escolhas, de ter consciência das estruturas e poder escolher o que é melhor para si, sem se preocupar com julgamentos alheios, apelidos ou ataques. O que eu pretendo aqui é provocar, é promover essa discussão que fala cada vez mais alto “nós, mulheres, podemos”. Não quer ser dona de casa? Tudo bem! Quer ser? Tudo bem também. Quer ter uma carreira brilhante e se casar mais tarde ou não casar? A escolha deve ser sua. Quer ter filhos ou não? São escolhas também. É o seu direito escolher o que é melhor para a sua vida. Alguns dados para apoiar nossas ações O quinto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), “Igualdade de Gênero”, busca acabar com todas as formas de discriminação de mulheres e meninas. A meta prevê que com essa ação, além de garantir direitos humanos básicos, vai acelerar o desenvolvimento sustentável, visto que mulheres têm capacidade multiplicadora no que diz respeito ao crescimento econômico e desenvolvimento social. Ainda temos muito o que conversar sobre divisão de tarefas domésticas, por exemplo, visto que mulheres dedicam cerca de 21 horas semanais para cuidar, arrumar, lavar, passar, cozinhar, etc., contra 11 horas dos homens. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para citar mais um exemplo, quero falar da remuneração no mercado de trabalho. Mulheres recebem 77,7% do salário de um homem com a mesma instrução. Você acha justo? Para algumas pessoas pode parecer óbvio que lutar contra isso é necessário. Mas para muitas, a estrutura sempre foi assim e não vale a pena lutar, porque nunca vai deixar de ser. Por isso, acredito que temos força na união, no compartilhamento de histórias boas, ruins, de superação ou de coragem. Quero finalizar essa nossa conversa com um apelo: se puder, converse com as mulheres que estão próximas a você sobre isso. Pergunte para as mais velhas como era na época delas e aponte o que mudou. Anote o que não mudou e vamos juntas para a luta. Um pedaço de cada vez é possível. Por fim, sabemos que a política é uma plataforma essencial! Por meio dela, conseguimos mais leis, mais incentivos para causas que visam igualdade não só entre gêneros, mas entre raça e classe também. Conversemos mais sobre isso.
O voto é a nossa “arma” para mudar as coisas

Há não muito tempo atrás, pessoas como eu, seja pela raça, classe ou gênero, não podiam votar. Atualmente, o Brasil é a quarta maior democracia do mundo e isso significa que todos os cidadãos são detentores de poderes políticos, assim como direitos e deveres, previstos na Constituição. Em novembro do ano passado, quando ocorreram as eleições municipais para escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, o número de pessoas que podiam votar chegou a quase 148 milhões. Dá para imaginar essa potência espalhada por 5.568 cidades? No fim do texto eu mostro para você os resultados desse pleito que foi um grande avanço, na minha opinião. No ano que vem, teremos mais uma oportunidade de aproveitar o nosso mundialmente reconhecido sistema eleitoral para mudar cenários que nos incomodam. E pode confiar: segundo o Tribunal Superior Eleitoral, nosso sistema possui mecanismos que garantem a segurança e a liberdade do voto. Ele já foi utilizado com sucesso em 12 eleições sem que fosse comprovada fraude, ao contrário do observado em votação com cédulas de papel. Voltando um pouco no tempo O Brasil passou pelas colônias, em 1500, pelo Império, em meados de 1800, pelo Estado Novo, em 1900 e, no mesmo século, pela ditadura militar, em 1964. Finalmente, após esses períodos não muito inclusivos, ingressamos no sistema que temos hoje, a democracia, que estimula o voto a partir de 16 anos sem distinção de raça, gênero ou classe. Para estarmos aqui, muita raiva foi convertida em ação! Imagina que para uma pessoa poder ser política, em 1824, ela precisava ser o que eles chamavam de ‘homem bom’. Essa figura, além de ter compromisso com a preservação dos interesses do império, precisava provar ser distinta atendendo aos seguintes requisitos: ter mais que 25 anos, ser católico, casado, proprietário de terras e não ser considerado impuro, em outras palavras, não ter sangue de uma pessoa negra ou indígena no corpo. Dando um pulo, em 1932 (antes tarde do que nunca!), o direito ao voto feminino foi sancionado após um longo histórico de reivindicações, mas a porcentagem de mulheres na política, entre outros grupos, continuou baixa. Infelizmente, tivemos um período também obscuro a partir de 1964, onde atos institucionais promovidos pela ditadura militar cancelaram eleições, cassaram mandatos e partidos políticos e permitiu que militares prendessem, torturassem e até matassem opositores. Graças à muita organização e estratégia, em 1983 o movimento político e popular Diretas Já passou a lutar pela volta das eleições diretas ao cargo de presidente do país. Tal mobilização culminou na Constituição Federal de 1988, que é a lei fundamental e suprema do Brasil. Para fechar nossa breve retrospectiva, em 1997, o nosso já citado TSE, visando maior participação de mulheres na política institucional, precisou estabelecer a seguinte regra no artigo terceiro da Lei das Eleições: “Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo.” Já percebeu a luta para manter privilégios? Olhar muito brevemente para tudo isso te faz lembrar de algo? Mesmo que não dito ou escrito, muitas dessas estruturas continuam. Elites agrárias, por exemplo, não queriam que a escravidão acabasse. Seus filhos distintos e formados nas universidades internacionais, voltaram para o Brasil para lutar pela concentração de terras e pelo patriarcado. Entender um pouco dessa história nos deixa mais conscientes para a luta de mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+, PCDs, indígenas, entre outros grupos, para conseguirem mais direitos, espaço, educação e alimentação. Aproveitar a chance de termos o direito ao voto para escolher representantes realmente preocupados com a mudança e inclusão é muito importante. Veja a seguir o porquê. Mudanças palpáveis Nas eleições de 2020, pela primeira vez na história do Brasil, o número de candidatos negros (pretos e pardos, segundo o IBGE) chegou a 276 mil candidatos, ou seja, 49,95% do total de concorrentes. Já as candidaturas femininas chegaram a 184 mil, o que representa 33,4% do total. Entre os indígenas, 2.100 pessoas se candidataram, representando 0,4% do total, um aumento de 25% em relação à última eleição municipal. Veja mais aqui. Estou feliz por ver onde chegamos e extremamente esperançosa com mais mudanças em 2022, e você? Já escrevi bastante sobre política por aqui, mas quero indicar um sobre o voto útil e o outro sobre machismo, misoginia e sexismo, cujo comentário de um homem defendendo que mulheres deveriam ficar em casa cuidando dos filhos só me prova como estou no caminho certo. Há espaço para mudanças, vamos juntos e com consciência!
A conquista do voto feminino foi apenas um começo!

No dia 24 de fevereiro celebramos o dia da conquista do voto feminino no Brasil. A data, que é de extrema importância para a democracia do país, é também uma oportunidade de reflexão sobre os impactos que a ambição exerce sobre as nossas vidas e na vida de outras pessoas. No artigo de hoje, eu quero convidar você a olhar para a história das mulheres na política sob uma perspectiva diferente da habitual, que se encontra nos livros e artigos disponíveis na internet. Vou falar um pouco sobre as mulheres que foram decisivas para a conquista do voto feminino no Brasil, mas vou abordar também a semente de ambição que elas deixaram e as conquistas que delas germinaram. Por fim, vou falar sobre o nosso papel na participação política do país e como a nossa ambição por uma sociedade mais equânime é fundamental para vivermos em um mundo melhor. Boa leitura! Mulheres que foram decisivas para a conquista do voto feminino no Brasil Não dá para falar sobre a conquista do voto feminino no Brasil sem citar alguns nomes que foram determinantes nesse cenário. Como temos bastantes materiais sobre o tema disponíveis, não vou me delongar nesse tópico, mas se você quiser se aprofundar na história do voto feminino, sugiro que leia o e-book O voto feminino no Brasil, escrito pela Teresa Marques e publicado pela Câmara dos Deputados. Aqui, vou abordar 3 mulheres que se destacaram na época da conquista com seus feitos e os efeitos que eles causaram. Acompanhe. Bertha Lutz Bertha Lutz foi zoóloga, formou-se na França e esse período vivido por lá plantou nela a semente de tudo pelo o que ela passaria a lutar ao regressar ao Brasil. Mesmo exercendo sua profissão em órgão público, ela fez questão de atuar em prol do feminismo e fundou, em 1919, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Ela foi a principal voz das mulheres na luta pelo direito ao voto, desde as ações cotidianas no levantamento de abaixo-assinados e diálogo constante com parlamentares, até a participação em grandes eventos internacionais, representando o Brasil. Seu último grande feito foi aos 81 anos, em 1975, quando representou o Brasil na Conferência Mundial sobre o Ano Internacional da Mulher e foi delegada titular do Brasil na Comissão Interamericana de Mulheres. Leolinda Daltro Fundadora do primeiro partido feminino do Brasil, a indigenista Leonilda Daltro era filha de mãe índia e pai português. Após separar-se do seu primeiro marido, tornou-se professora e começou a defender a educação laica da população indígena. Com o passar do tempo, observando as dificuldades que enfrentava em seu projeto educacional, ela percebeu que era preciso emancipar as mulheres para que houvesse mudanças significativas na sociedade. Em 1910, ano em que as mulheres não podiam votar ou serem votadas, ela fundou o Partido Republicano Feminino, pelo qual organizava passeatas, requeria participação em assembleias e pressionava os políticos da época pelos direitos das mulheres. A conquista do direito ao voto veio apenas em 1932, 3 anos antes de sua morte. Alzira Soriano Em 1927, o governador do estado do Rio Grande do Norte sancionou uma lei estadual que permitia o voto feminino naquele estado. No mesmo ano, Alzira Soriano se tornou a primeira eleitora da América Latina e, no ano seguinte, se lançou candidata à prefeitura de sua cidade, Lages, e ganhou a cadeira com uma votação bastante expressiva, de 60%. O feito foi tão revolucionário que ganhou uma manchete no The New York Times. Em sua gestão ela focou em educação e obras estruturais, mas seu mandato não durou muito tempo. Com o golpe de 1930, sua prefeitura foi destituída. Getúlio Vargas a convidou a voltar a assumir, mas ela não estava de acordo com as suas diretrizes. A semente da ambição por igualdade deixada por essas mulheres Ao olhar para essas histórias, fica visível que essas 3 mulheres compartilham de algo que vai além do feminismo em si. Todas elas foram ambiciosas, todas elas almejaram conquistar algo que proporcionaria uma vida melhor para elas e para toda a sociedade. Notem, também, que nenhuma delas tinha uma vida ruim ou sofrida. Eram todas de classe média, com uma situação financeira confortável. Elas não estavam insatisfeitas com aquilo que já possuíam, mas isso não lhes tiravam o desejo de ter um futuro diferente. A conquista do voto foi apenas o primeiro passo. A partir dele, muitas outras mulheres realizaram feitos políticos que nos beneficiam até hoje, como as cotas de mulheres nas candidaturas e o percentual de verba destinada às candidatas mulheres nos partidos. Se hoje lutamos por mais mulheres na política e por melhores políticas públicas é porque elas foram em busca daquilo que acreditavam e plantaram em nós essa mesma ambição. Nosso papel atual na participação política do país Como sabem, sou uma mulher politicamente ativa e acredito que precisamos estar mais próximos desse ambiente de discussão para termos uma sociedade mais justa. Não dá para nos conformarmos com as conquistas feministas do hoje. Somos agradecidas e felizes com os direitos que temos, sabemos e valorizamos a luta das nossas predecessoras e é justamente por isso que devemos seguir adiante. Eu tenho uma máxima de que mulher deve votar sempre em mulher. Somos a maioria da população e, votando em nós mesmas, teremos mais representatividade feminina. Ao meu ver, o nosso papel como cidadãs é o de seguir uma luta que data de mais de um século por mais igualdade de direitos entre gêneros. Vou finalizar este texto com um recado muito importante. Por mais que tenham lhe dito a vida toda que você não pode fazer algo porque não é coisa de mulher, ou porque você deve ser grata à vida que tem, lembre-se dessas mulheres que não precisavam lutar pela conquista do voto feminino, mas elas quiseram. Se você quer algo, lute por isso. Lute por suas conquistas e acredite na sua capacidade de mudar a sua vida e o mundo.
6 motivos para você se tornar uma mulher ambiciosa

Já parou para pensar que, muitas vezes, um homem ambicioso é sinônimo de sucesso, enquanto uma mulher ambiciosa, não é vista com bons olhos por querer voar mais alto? Talvez essa cultura machista tenha trazido a sensação de que ser uma mulher ambiciosa é algo negativo e que não vai te trazer boas coisas na vida. Bom, o que eu tenho para te contar é que na realidade é exatamente o contrário! A sociedade nos ensina que a ambição é uma característica negativa, de pessoas más e desonestas, e conosco, com as mulheres, ela é ainda mais cruel. A grande verdade é que a falta de ambição nos faz estagnar e nos traz infelicidade. Afinal, ambição e ganância não são sinônimos e não há nada de errado em querer algo a mais, sonhar e conquistar coisas novas. É justamente esse desejo por algo que nos tira da inércia e nos leva ao crescimento pessoal e profissional. No artigo de hoje, eu trouxe 6 exemplos de benefícios que você pode obter ao se tornar uma mulher ambiciosa. Inspire-se neles! 1. Enxergue novas possibilidades Quantas vezes você já se pegou desanimada em relação ao dia de amanhã? Sem perspectiva de mudanças ou boas realizações, sem enxergar nada além do mesmo de sempre. Isso tem tudo a ver com a falta de ambição. Ambição, por definição, é desejar muito alguma coisa. Para isso, é preciso ampliar sua visão para além do que você tem e vive atualmente. Uma mulher ambiciosa está sempre atenta às suas possibilidades de crescimento e evolução. Ela olha para o futuro e se imagina uma pessoa melhor do que é hoje. 2. Acredite na realização de seus sonhos Pense em um sonho bem grande. Pode ser a compra de um carro, ou de um imóvel, ou aquela viagem sem ter que ficar contando moedinhas, ou, até mesmo, um cargo bem alto na empresa, como diretora ou presidente. O quão longe esse sonho parece estar? Talvez tanto que a sensação é de que ele seja inalcançável, não é mesmo? Acontece que para as mulheres ambiciosas, nenhum sonho é inalcançável, por mais distante que ele pareça estar do dia de hoje. A ambição nos ajuda a estabelecer um planejamento que transforme esse sonho abstrato em algo tangível, com etapas bem desenhadas e prazo certo para ser realizado! 3. Conquiste uma promoção no trabalho Há quanto tempo você cumpre a mesma função na empresa onde trabalha, recebendo apenas o reajuste anual pleiteado pelo sindicato? Nunca pensou em sair do cargo de analista e ir para o de especialista, ou em assumir a gestão de um time? Não é natural estar exercendo o mesmo cargo por muitos anos sem qualquer tipo de promoção. Todo esse tempo gera experiência, faz com que você compreenda melhor o que faz e saiba, de pronto, tomar decisões importantes para o dia a dia da sua profissão. Por que seria errado ser devidamente recompensada por isso? Uma mulher ambiciosa entende a importância que tem e busca aquilo que é justo para ela. 4. Migre para uma área que te deixa mais feliz Eu não consigo nem dizer a quantidade de mulheres que já chegaram ao meu consultório reclamando de insatisfação com o trabalho. Muitas delas, não são felizes com o que fazem, mas seguem no cargo por medo de perder o emprego, medo do novo ou por acreditarem que não são capazes de viver fazendo aquilo que mais gostam. É verdade que é preciso coragem para fazer uma migração de carreira, mas o principal combustível para essa coragem é a ambição. Uma mulher ambiciosa sabe que pode alcançar o que quiser e que isso vai implicar em alguns riscos. A diferença é que ela os enfrenta com mais segurança e certa de que, se a meta final não foi batida, o caminho percorrido fará o esforço valer a pena. 5. Seja reconhecida por suas qualidades A ambição é uma característica que, comumente, vem acompanhada da autoconfiança. A mulher ambiciosa vai em busca de suas realizações e confia que é capaz de alcançá-las, mesmo que isso demande algum esforço. A falta de autoconfiança é como tentar dirigir um carro sem soltar o freio de mão. Por mais que a marcha certa já esteja engatada e você pise no acelerador, o carro não sairá do lugar. Por outro lado, ao soltar o freio de mão, as coisas começam a sair conforme o esperado, o carro entra em movimento e logo pode atingir uma boa velocidade. Quando aliamos a ambição com a autoconfiança, estamos almejando novas conquistas, acreditando que elas são possíveis e permitindo que elas aconteçam. Isso faz com que as suas qualidades sejam exaltadas perante às pessoas que convivem à nossa volta, como amigos, parentes, gestores e colegas de trabalho. 6. Reconheça e valorize suas conquistas Existe um mito que diz que quem é ambicioso está sempre em busca de algo porque não está satisfeito com o que tem. Essa é uma grande mentira! Por mais que a insatisfação com a situação atual seja um dos motivos que levam uma pessoa a buscar algo novo, ele não é o único. A ambição não está relacionada com o que se tem, mas sim com aquilo que se deseja ter, e quando se alcança as coisas que se deseja, a sensação de realização é genuína e te impulsiona a se manter em constante evolução. Uma mulher ambiciosa é uma mulher de sucesso, e o sucesso não significa necessariamente poder ou dinheiro, significa ser uma mulher que sabe o que quer, que toma as rédeas da própria vida para chegar lá. Agora que você já sabe que a ambição não tem gênero, que não é uma coisa ruim, mas sim uma virtude que lhe torna capaz de concretizar seus sonhos, me diz, aonde você quer chegar?
Machismo, misoginia, sexismo. Por que nós odiamos as mulheres?

O que vou falar aqui pode chocar você em um primeiro momento, mas, infelizmente, é a mais pura verdade: nós odiamos as mulheres. Eu digo nós porque a toda a nossa sociedade foi construída em cima disso e reproduzimos práticas machistas, misóginas e sexistas o tempo todo. Além disso, não podemos individualizar um problema nos apoiando em exceções, precisamos assumi-lo como a questão social que ele é. No dia 25 de novembro é celebrado o dia internacional de luta contra a violência à mulher, data que marca, também o início dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres pelo mundo. Aqui no Brasil, essa programação tem início no dia 20 de novembro, dia nacional da consciência negra, em função das mulheres negras representarem a maioria dos casos registrados de violência, e se estende por 21 dias. De acordo com um levantamento feito pelo G1, 73% dos casos de feminicídios aconteceram contra mulheres pardas e pretas. Como mulher e ativista, resolvi trazer minha contribuição de um ponto de vista mais estrutural da questão. Afinal, por que odiamos as mulheres? Por que as subjulgamos, as inferiorizamos e as matamos tanto? Vou começar trazendo a explicação de alguns conceitos importantes e, em seguida, uma abordagem histórica da construção do machismo, misoginia e sexismo que vivenciamos atualmente. Ao final, trarei exemplos reais das consequências de tudo isso, que mostram o quão urgente é que façamos algo para mudar essa realidade. Primeiro, vamos entender alguns conceitos Vamos começar essa jornada alinhando a compreensão de alguns termos que usarei bastante no decorrer do texto e que todas as pessoas que desejam contribuir de alguma forma com o fim da violência contra as mulheres precisam entender. Machismo O machismo deriva da palavra “macho” e está relacionado à superioridade das características consideradas masculinas às consideradas femininas. O pensamento machista segue a lógica de que homens são melhores que mulheres, mais capazes, mais fortes (não apenas no sentido físico) entre outras questões. Ele afeta não apenas as mulheres, como também os homens que apresentam características ditas femininas, o que inclui os homens homossexuais, as mulheres transgênero, as travestis e o público LGBTQI+ em geral. Misoginia A palavra misoginia vem do grego, na junção de miseó = ódio e gyné = mulher, ou seja, ódio ou aversão à mulher. Enquanto o machismo coloca o foco na exaltação do homem, a misoginia tem o foco no menosprezo ao feminino. Dessa forma, ela se manifesta na violência física, psicológica e moral às mulheres pelo simples fato de serem mulheres. São as piadas, as injúrias, difamações e agressões diversas. Sexismo Já o sexismo é querer colocar as pessoas em caixinhas definidas por sexo. Homens fazem isso, mulheres fazem aquilo e um não pode invadir a caixinha do outro. Futebol é coisa de homem, ballet é coisa de mulher. São imposições de limitações baseadas única e exclusivamente no sexo de nascimento da pessoa, como se fosse necessário ser de determinado sexo para fazer, ser ou usar determinada coisa. Agora, vamos olhar para a construção histórica Nós não escolhemos ser machistas, misóginos e sexistas, a sociedade é assim desde muito antes de nascermos, nós apenas reproduzimos a forma como fomos ensinados a ser. O homem escolheu ser superior à mulher há milhares de anos, lá nos primórdios da civilização, quando surgiu a ideia de posse. Na era das cavernas, os homens, por terem mais força física, protegiam as mulheres e crianças dos animais invasores, mas não havia uma diminuição da figura da mulher perante ao homem. Nas primeiras organizações em grupo, quando já existia a agricultura e a domesticação de animais, toda a produção era compartilhada pela comunidade e, as diferenças nas atribuições das tarefas, não tinham uma hierarquização. Foi depois do surgimento da ideia de posse dos excedentes da produção que os homens começaram a considerar seus bens, suas mulheres e seus filhos como parte de sua propriedade. Desde então, as mulheres são inferiorizadas e limitadas em suas funções na sociedade. Vivemos em uma geração que já quebrou várias barreiras, mas a estrutura ainda é machista, misógina e sexista. Por fim, vejamos as consequências Exemplos de violências exercidas sobre as mulheres é o que não faltam. Veja apenas alguns dos casos mais recentes que ilustram bem esse cenário. Violência doméstica e sexual No Brasil, uma mulher é morta a cada 9 horas e os casos de feminicídio aumentaram 22% durante a pandemia de COVID-19, quando elas ficaram presas em casa com seus agressores. Uma menina de 10 anos é engravidada pelo tio estuprador e a discussão é acerca da legalidade do aborto e não sobre a saúde física e mental da menina. Morremos, apanhamos, somos estupradas e não podemos decidir sobre nossos próprios corpos. Limitação de espaços e de direitos Uma forma de mudar esse cenário seria contando com mais mulheres na política, participando das decisões das cidades, mas todas as que tentam seguir por esse caminho sofrem ainda mais violência. Marielle Franco foi assassinada, Dilma foi destituída do cargo, Manuela D’Ávila teve a campanha à vice-presidência e à prefeitura de Porto Alegre fortemente atacada. Para piorar, aprendemos a não confiar nas mulheres para tais funções. Não votamos nelas, não as enxergamos como agentes de mudança que precisamos para combater os problemas que enfrentamos. Nos locais onde nós mulheres estamos, precisamos nos “comportar”. A jogadora de tênis, Serena Williams, foi penalizada por discutir com o juiz de cadeira, da mesma forma que vários outros atletas homens fazem e não são punidos. No vôlei, Carli Lloyd foi duramente criticada nas redes sociais por ter engravidado no início de uma temporada. Até podemos estar em alguns lugares, desde que estejamos dentro de “limites aceitáveis”. Adoecimento dos homens O machismo, a misoginia e o sexismo são tão ruins que afetam também aos homens. E aqui eu nem estou me referindo apenas à comunidade LGBTQI+. Homens não podem demonstrar fraquezas, precisam ser provedores, devem ser agressivos, não podem ser carinhosos ou demonstrar afeto. Existe, inclusive, um grupo de homens chamados de incel’s, uma
A branquitude e o dia nacional da consciência negra

Novembro é o mês em que celebramos o dia nacional da consciência negra e a pauta antirracista se torna mais evidente nas rodas de conversa de todos os lugares. Contudo, pouco ainda se fala da branquitude e do seu papel nessa luta que travamos diariamente contra o racismo. No artigo de hoje, eu quero trazer uma visão diferenciada da questão racial que vivemos, analisando um aspecto que, ao meu ver, é fundamental e tem sido negligenciado, que é a discussão sobre a branquitude. Antes de seguir, quero dizer que, se você é uma pessoa branca, este texto não foi feito para lhe agredir de nenhuma forma. Para isso, eu preciso que você o leia de coração aberto, com disposição para absorver o que vai ser dito sem levar para o lado pessoal, muito menos para um lado negativista. Meu intuito é de derrubar muros e construir pontes. Então, veja por que esse tema é tão importante e como as pessoas brancas podem ajudar na prática a combater o racismo. Por que precisamos falar sobre a branquitude no momento em que todos estão falando sobre a negritude? Que o racismo é um problema na sociedade mundial, todos podemos concordar. O que ainda causa muita dúvida e controvérsia é o papel das pessoas brancas nessa discussão. Em novembro, que é um mês onde todas as atenções se voltam para as questões raciais no Brasil, muito se fala sobre a negritude e os problemas que ela vive, mas pouco, ou quase nada, se fala da branquitude e o seu papel nisso tudo. Eu enxergo dois aspectos principais que justificam a importância de trazer esse assunto para a roda, como explico melhor nos tópicos a seguir. As pessoas brancas precisam compreender o seu papel na perpetuação do racismo Recentemente, eu li um texto sobre a branquitude na luta antirracista e um trecho me chamou bastante a atenção: “Os sujeitos que pertencem a grupos sociais privilegiados possuem essa característica como diferencial: uma extrema dificuldade para se enxergar enquanto grupo. Ao falar sobre quem mora no Nordeste, é utilizado o termo nordestino, mas quem no sudeste do país se denomina sudestino? Nos referimos a quem vive na periferia como periférico, mas não nos referimos a quem vive nos centros como “centrista” – na verdade, esse termo não tem relação alguma com o grupo social que vive no centro das cidades e nem os dicionários online foram capazes de apontar um antônimo para o termo “periférico”.” A ausência dessa percepção identitária faz com que as pessoas brancas ajam naturalmente conforme o regime imposto, sem enxergar um problema nisso. Logo, elas não são capazes de notar a falta de diversidade dos locais que frequenta, pois isso não as incomoda. O grande porém aqui é que é justamente essa falta de incômodo que ajuda a perpetuar o racismo de forma estrutural. A luta antirracista precisa do envolvimento de todas as pessoas, não apenas das negras A falta de consciência da branquitude sobre seu papel na sociedade faz com que ela não se veja como parte do problema. É como se a luta por equidade fosse um ataque a seus direitos básicos, e como se o objetivo das pessoas negras fosse o de se tornarem melhores e maiores que as pessoas brancas. Na verdade, o que a luta anttirracista busca é a equidade entre os povos, são direitos e oportunidades iguais para todos. Mas isso só é possível se todos estiverem igualmente comprometidos em transformar a sociedade em um ambiente mais saudável. Não é uma etnia contra a outra, mas todos juntos contra a segregação racial. Como a branquitude pode ajudar na luta antirracista? Vivemos um momento muito importante da história no qual a luta antirracista tem avançado e ganhado mais destaque. Contudo, é normal que surjam muitas dúvidas sobre como as pessoas brancas podem contribuir de forma mais efetiva com a luta, sem invadir o espaço de protagonismo das pessoas negras. Separei 3 dicas simples, mas muito eficazes que podem ser aplicadas em pequenas ações cotidianas. Confira. Tomando consciência de sua condição privilegiada Se você é uma pessoa branca, a parte mais difícil do processo é perceber e, acima de tudo, aceitar a sua condição privilegiada. A forma mais fácil de fazer isso é conhecendo as histórias das pessoas negras e as dificuldades que elas enfrentam no dia a dia. Disponha-se a ouvir de forma humilde e receptiva, queira aprender. Observe os seguintes pontos e reflita sobre eles: quantos negros estão em seu meio de convívio? Quais são as suas profissões? Quantos deles frequentam os mesmo ambientes sociais que você? Quantas pessoas negras você percebe nos locais que costuma frequentar? Quantas pessoas negras trabalham na mesma empresa que você? Quantas dessas pessoas ocupam cargos de liderança? Quantas personalidades negras você segue nas redes sociais? Utilizando seus privilégios em favor da luta antirracista Na medida em que você começa a tomar mais consciência da sua branquitude, fica mais fácil utilizar seus privilégios em favor da luta antirracista. Uma das formas de fazer isso é levantando uma discussão sobre o racismo nos locais que frequenta, desde a roda de amigos mais próximos, até espaços maiores como escola, faculdade e empresa. Quanto mais pessoas brancas se envolverem na luta contra o racismo, mais força o movimento ganha e mais benefícios são conquistados para todos. Lembre-se que muitas pessoas ainda não se percebem como parte do problema e, por isso, não conseguem se imaginar como parte da solução. Ajudando a promover equidade nos espaços que ocupa Por fim, a forma mais prática e efetiva de uma pessoa branca contribuir no combate ao racismo é se tornando um agente de transformação nos espaços que ocupa. Parece algo grandioso, mas existem muitas ações bem simples e pequenas que promovem uma diferença muito grande na comunidade negra. Um bom exemplo é aumentar o volume de oportunidades, por meio da indicação de pessoas negras e empresas geridas por elas para a realização de trabalhos e prestação de serviços. Outra providência é aumentar a sua rede de
Violência política de gênero: o que é e quais são os impactos para a democracia do país

Violência é um termo bastante amplo, com diferentes implicações de acordo com a forma em que é empregada. Uma das aplicações pouco discutidas é a violência política de gênero, que atinge mulheres independentemente de suas ideologias, classes sociais ou mesmo etnias. Neste artigo, eu trago o conceito de violência de gênero na política, apresentando a forma como ela acontece, com exemplos reais e amplamente conhecidos que ajudam a compreender as dimensões do problema. Ao final, vou falar sobre como essa prática afeta negativamente a democracia de uma cidade, estado ou país. O que é violência política de gênero? A violência política de gênero é o conjunto de práticas agressivas direcionadas às mulheres, de forma a dificultar ou mesmo impedir a sua participação ativa na vida política de uma cidade, estado ou país. Ela atinge não apenas quem desejam concorrer a um cargo político, como também aquelas que estão em exercício de mandato e até mesmo aquelas que apenas desejam participar mais da política junto aos partidos. Como acontece esse tipo de violência contra a mulher? Assim como todo o tipo de violência, existem incontáveis formas de aplicar e perceber a violência política de gênero acontecendo, desde as mais sutis até as mais esdrúxulas e agressivas. Por exemplo, você sabia que até 2016 o prédio do Congresso Nacional não tinha banheiro feminino? Parece bizarro, mas é um sinal bastante evidente de que não se imaginava a presença de mulheres ocupando tais espaços quando ele foi construído, na década de 1950, o que espanta é levar tanto tempo para que algo fosse feito. Eu poderia discorrer por páginas e mais páginas só com exemplos de violência de gênero que acontecem todos os dias na política, mas, para sermos mais objetivos aqui, resolvi trazer 3 exemplos que são mais conhecidos e recentes, que ilustram muito bem o assunto. Acompanhe. Caso Dilma Rousseff Primeira presidenta mulher da história do país passou por inúmeros episódios de violência de gênero ao longo de seus dois mandatos. Na tese de doutorado de Perla Haydee da Silva podemos ver o resultado de uma pesquisa intitulada De louca a incopentente: construções discursivas em relação à ex-presidenta Dilma Rousseff, que analisou mais de 3 mil comentários negativos feitos nas redes sociais na época do impeachment. O que mais chama atenção nesse caso é que instaurou-se um processo de destituição de poder dado legitimamente pelo povo a uma pessoa, com argumentações infundadas, pelo simples fato de se tratar de uma mulher. O que se discutiu na época não foi a capacidade de gestão ou a idoneidade da presidenta, mas o quanto ela era “burra”, “idiota”, “vaca” entre outros xingamentos. Caso Manuela D’Ávila Manuela D’Ávila é uma mulher de muita fibra e que recebe ataques proporcionais à sua potência. Nas eleições presidenciais, em 2018, quando era candidata a vice-presidente na chapa junto com Fernando Haddad, foi alvo de fake news, com montagens de fotos suas que geraram grande repercussão e acabaram favorecendo a eleição de Jair Bolsonaro. Agora, como candidata a prefeita de Porto Alegre, uma nova enxurrada de notícias falsas e caluniosas foram levantadas contra Manuela. Um ponto interessante a ser destacado, nesse caso, é que as ofensas começaram um dia após a divulgação da primeira pesquisa de intenção de votos, onde ela estava na liderança. Quer mais um detalhe no mínimo intrigante? As duas pessoas que fizeram tais ofensas, sequer são eleitores de Porto Alegre, apenas precisavam difamar uma mulher que, honestamente, está se destacando na política. Caso Joice Hasselmann Como citei no começo do texto, a misoginia da violência política de gênero não leva em consideração ideologia política. Por isso resolvi trazer o caso da Joice Hasselmann, que foi líder do governo Bolsonaro na câmara dos deputados, em Brasília, de direita. Ao se negar a apoiar o Presidente e seus filhos, começou a sofrer tamanha repressão que passou mal e chegou a perder o útero e ficar internada em UTI. Ela conta como foi esse caso em uma conversa com as candidatas à prefeitura de São Paulo sobre a temática da violência política de gênero nesta live. Quais são os impactos da violência de gênero na democracia? Qualquer tipo de violência gera impacto negativo nas pessoas envolvidas. No caso da violência política de gênero, as consequências extrapolam o âmbito pessoal e atinge a sociedade como um todo, em especial nos três quesitos abaixo: privação dos direitos das mulheres de exercer cargo eletivo em qualquer nível ou esfera; limitação da representação política das mulheres nas decisões que vão interferir na vida de todas as demais; adoecimento físico e psicológico ao ter que enfrentar tantos ataques. Por que as mulheres negras sofrem mais violência política? O Instituto Marielle Franco lançou recentemente uma pesquisa que trata da violência política contra mulheres negras e traz dados alarmantes sobre o cenário atual no Brasil. Em seu resultado preliminar, o estudo mostrou que 98,5% das respondentes já sofreram mais de um tipo de violência política. Veja mais detalhes no gráfico abaixo. O principal motivo para combatermos a violência política de gênero é que ela prejudica a entrada de mais mulheres nos espaços de poder. Afinal, não é qualquer pessoa que se dispõe a enfrentar um ambiente tão hostil, colocando sua integridade física e moral em risco. Ter mais mulheres em cargos eletivos é dar visibilidade e esperança para as novas gerações. É incentivar mais mulheres a tomar seus lugares de direito na sociedade. Enfim, a violência de gênero na política é um grande mal da nossa sociedade, tanto no Brasil quanto em outros países pelo mundo. Trata-se de uma prática misógina, fruto do machismo e do sistema patriarcal que vivenciamos nos dias atuais, mas que deve ser combatido para que, um dia, se torne apenas uma lembrança ruim do passado.
Voto útil: uma estratégia altamente prejudicial à democracia

Talvez você nunca tenha ouvido a expressão “voto útil”, mas, muito provavelmente, já utilizou essa estratégia, ou considerou utilizá-la em alguma eleição. Em momentos de maior polarização, como o que vivemos atualmente, essa prática se torna bastante perigosa para o exercício da democracia, pois acaba elegendo pessoas que não refletem a forma como o povo gostaria de ser representado. Neste artigo, vou explicar o que é o voto útil, por que ele deve ser abolido em nossa sociedade e qual é a importância de votar de forma consciente. Além disso, também vou falar sobre a relação do meu apoio à candidatura da Marina Helou para a prefeitura de São Paulo com essa temática. Acompanhe. O perigo do voto útil O voto útil é uma tática que, a princípio, pode parecer inteligente, mas que, na verdade, gera problemas de longo prazo que podem ser irreparáveis. Vou explicar melhor nos tópicos abaixo. O que é o voto útil? O voto útil, também chamado de voto estratégico, consiste na escolha do candidato de acordo suas chances de ser eleito. Habitualmente, ele é usado para reduzir as chances de um candidato que não agrada e que esteja indo bem nas pesquisas de intenção de votos. Funciona da seguinte forma: imagine que o João esteja liderando as pesquisas, mas ele traz propostas que são opostas ao que você acredita. Maria é a segunda colocada, e você também não compartilha das mesmas ideias que ela, contudo ela parece ser “menos pior”. Então você decide votar em Maria apenas para evitar que João vença as eleições. Qual é o problema dessa estratégia? Para começar, a eleição foi criada para escolher quem melhor representa os interesses de uma população. Quando usamos o voto útil, estamos abrindo mão de escolher quem, de fato, poderia levar nossas pautas para as diversas instâncias de governo e elegemos alguém que pode se mostrar até mesmo pior do que se imaginava. Um exemplo recente disso foram as eleições presidenciais do Brasil em 2018. Sem fazer juízo da minha posição política, a escolha de Jair Bolsonaro para a presidência não foi feita porque a maioria da população concordava com suas propostas eleitorais. Uma grande massa afirmou, à época, que apenas não queriam eleger alguém do PT e ele se mostrou o candidato mais forte nessa disputa. O que aconteceu foi que boa parte das pessoas que usaram essa justificativa, acabaram se arrependendo de seu voto, ao discordar da postura e das decisões tomadas pelo presidente após eleito. Afinal, se a intenção era que o PT não fosse escolhido, havia muitas outras propostas disponíveis. A importância de votar de forma consciente O voto é a expressão máxima da democracia e, por isso, deve ser usado com sabedoria. Quando votamos de forma consciente, estamos mostrando o que queremos como cidadãos, quais são as pautas que consideramos mais importantes e qual é a nossa ideia de uma sociedade melhor. Veja alguns dos benefícios mais importantes que o voto responsável por trazer. Fortalecimento de partidos Os partidos políticos são instituições que trazem consigo a representação dos valores de seus filiados, em especial, os candidatos. No Brasil, temos uma tendência a associar os partidos à coisas negativas, principalmente à corrupção, mas, na verdade, eles são fundamentais no processo democrático. Quando votamos de forma consciente, estamos apoiando não apenas cada um dos candidatos, mas também o seu partido. No sistema eleitoral que praticamos, os votos recebidos pelos partidos definem questões importantes, como a quantidade de cadeiras e de verba do fundo partidário que cada um terá direito. Expressão das necessidades mais urgentes Outro ponto importante é que o voto é uma forma de mostrar para a sociedade quais são as pautas mais relevantes e urgentes a serem atendidas. O volume de votos recebidos por um candidato mostra que essa parcela da população concorda com as proposições feitas, o que ajuda a compreender quais são as maiores dores a serem atendidas por quem for a pessoa escolhida. Exercício pleno da democracia A questão principal do voto consciente é que ele representa o mais puro exercício da democracia. Cada pessoa tem direito ao seu voto, que é pessoal e intransferível. É a sua oportunidade de escolher aquilo que acredita ser primordial para a sua comunidade, a sua região. A sua cidade não será um lugar melhor para viver se a sua voz não for ouvida. Meu apoio à candidata Marina Helou Quem me acompanha há algum tempo já sabe que sou feminista, antirracista e ativista política. A temática eleições é muito importante para mim, pois é o momento em que as coisas podem tomar um rumo diferente se as pessoas tiverem mais consciência na hora de escolher seus representantes. Nessas eleições, eu decidi apoiar a candidatura da Marina Helou, primeiro por me identificar com as suas propostas e por ver a sua postura em seu mandato como deputada estadual e segundo porque acredito que toda mulher deve votar em outra mulher. Quero compartilhar isso aqui com vocês, até mesmo para ilustrar o que trouxe ao longo do artigo. Pautas alinhadas com aquilo que eu acredito A Marina Helou traz em suas propostas pautas que vão ao encontro do que eu acredito serem as questões mais importantes para a cidade de São Paulo. Além disso, seu candidato a vice é o Marco Dipreto, ativista negro, o que amplia a pauta da diversidade, incluindo propostas não apenas para as questões de gênero, como também para as raciais e demais públicos desassistidos. Candidata acessível e aberta à escuta No site da Marina Helou podemos ver a sua atuação na assembleia legislativa de São Paulo, acompanhando os projetos de lei, as participações em comissões e em frentes parlamentares, além de saber como ela têm votado nas sessões. Outro ponto que é muito importante é o espaço que ela abre para a proposição de projetos e para sugestão de emendas. Tudo isso demonstra transparência e compromisso com a coisa pública, que são valores indispensáveis para mim, como cidadã. Como você pôde ver, o voto útil, na
7 livros que todo mundo deveria ler!

A leitura está entre as práticas mais saudáveis para exercitar a mente e dia 29 de outubro é comemorado o dia Nacional do Livro no Brasil. Em homenagem a essa data tão importante, decidi indicar alguns dos meus títulos favoritos, que eu considero muito importantes em relação aos assuntos que eu abordo e vivencio. Prepare o seu bloco de anotação e confira essas sugestões de leitura. 1. A coragem de ser imperfeito – Brené Brown Falar sobre vulnerabilidade é algo audacioso, pois trata-se de algo que habitualmente, não gostamos de expor. A Dra Brené Brown, professora e pesquisadora na Universidade de Houston, dedicou mais de 20 anos de estudos à coragem, à vulnerabilidade, à vergonha e à empatia e publicou dois livros com os resultados do que pôde aprender em campo. Em “A coragem de ser imperfeito”, a autora fala sobre como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é. Ela traz informações coletadas em suas pesquisas, mas vai muito além de dados em suas análises. Ela fala da importância de experimentar incertezas, de correr riscos e de se expor emocionalmente para ter uma vida plena e feliz. É o tipo de leitura que nos faz repensar a forma como lidamos com nossos desafios e como podemos nos tornar pessoas melhores. 2. Mulheres, Raça e Classe – Angela Davis Angela Davis é uma mulher de grande referência mundial no que diz respeito aos movimentos feminista e antirracista. Integrante do Partido Pantera Negra, a professora e filósofa está diretamente envolvida na luta pelos direitos das mulheres e da população negra nos Estados Unidos. Em seu livro “Mulheres, raça e classe”, a autora traz uma análise histórica do movimento feminista negro das décadas de 1960 e 1970, do qual participou ativamente em seu país. É uma leitura que ajuda a compreender a forma como o período escravagista determinou o racismo e o machismo norte-americano atual e também a estabelecer paralelos com as práticas que vivenciamos aqui, no Brasil. 3. O feminismo é para todo mundo – Bell Hooks O feminismo é para todo mundo é um livro incrível que tem como principal objetivo mostrar que o feminismo é benéfico para toda e qualquer pessoa, não apenas para as mulheres, como muitos ainda acreditam. Sua autora, Bell Hooks, é uma das mulheres negras feministas mais influentes da atualidade. Me identifico muito com esse livro, pois compartilhamos da mesma meta de construir pontes contra o machismo. A forma como a Bell Hooks pontua as questões do feminismo e os seus impactos faz com que possamos ver as vantagens do movimento para homens, mulheres, crianças e para a sociedade como um todo. É o tipo de livro que renova a nossa crença em dias melhores. 4. O perigo de uma história única – Chimamanda Ngozi Adichie O livro “O perigo de uma história única” é, na verdade, uma adaptação de uma das palestras mais assistidas do TED Talks. Chimamanda Adichie nos traz uma reflexão muito importante sobre a forma como construímos a nossa visão a respeito de um determinado assunto. De acordo com a autora, nosso conhecimento é construído pelas histórias que ouvimos e, quanto mais diversas forem as narrativas, mais completa será a nossa compreensão. Na prática, o que realmente aprendemos com essa leitura é a importância de ouvir mais, de buscar outras versões para a mesma história antes de termos um conceito definitivo sobre qualquer coisa. O livro nos desperta a consciência sobre a riqueza da diversidade em tudo o que fazemos e aprendemos. 5. Eu sei porque o pássaro canta na gaiola – Maya Angelou “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola” é uma autobiografia de Maya Angelou que aborda sua fase inicial da vida, desde a infância até a adolescência. A autora lançou vários outros livros em sua coleção autobiográfica, todos eles voltados para questões familiares e de auto-descoberta. Nesse primeiro volume, o que mais desperta a atenção são suas representações honestas, principalmente sobre a sexualidades e casos de abuso que sofreu o período. O livro traz relatos muito fortes sobre tudo o que a autora vivenciou, desde a sua mudança de um lado ao outro do país, aos 3 anos de idade, acompanhada apenas do irmão mais velho, de 5 anos, até as violências sofridas ao longo dos anos por ser mulher e por ser negra, nas décadas de 1930 e 1940. É o tipo de leitura que causa um grande impacto e muda a forma como vemos a vida. 6. Escritos de uma vida – Sueli Carneiro Sueli Carneiro é filósofa, escritora e ativista na luta feminista e antirracista. Ela é a fundadora e atual diretora do portal Geledés, voltados para mulheres negras e é considerada uma das principais autoras sobre esse assunto no Brasil. Em seu livro “Escritos de uma vida”, ela aborda as particularidades de ser negra e de ser mulher. Segundo a autora, ser mulher negra é experimentar uma asfixia social. Quando há uma conquista do ponto de vista racial, os homens negros se beneficiam, quando há uma conquista feminista, as mulheres brancas se beneficiam e, em ambos os cenários, falta o atendimento às necessidades de quem é mulher e negra. É uma leitura excelente para aumentar a compreensão sobre os desafios do feminismo negro no país. 7. Se cuida! – Mariana Luz Eu não poderia deixar meu mais recente livro de fora dessa lista, não é mesmo? No “Se cuida!” o meu principal objetivo é falar sobre a importância do autocuidado na prevenção de adoecimentos mais graves, como a ansiedade e a depressão, que já atinge milhares de pessoas em todo o mundo. Nele, eu falo da importância do cuidar de si, de se amar e de estabelecer um compromisso com a sua saúde física e mental. Trago casos reais que mostram as consequências da falta do autocuidado e também dou dicas para começar a cuidar de si com pequenas ações no dia a dia. O dia nacional do livro acontece apenas um vez ao ano, mas a
7 plataformas de voto feminino para ajudar a encontrar candidatas mulheres nesta eleição

Você sabe quem são as candidatas mulheres da sua cidade? As eleições estão se aproximando e, como ativista política, não poderia deixar de dar a minha contribuição. Afinal, não basta votar em uma mulher, é preciso fazê-lo de forma consciente, analisando as propostas de cada candidata e buscando aquela que melhor representa os seus interesses para a sua região e que de fato estão comprometidas com políticas para mulheres. A melhor forma de encontrar essas mulheres é pesquisando, conhecendo as suas pautas e suas trajetórias de vida pública. Por isso, eu trouxe, neste artigo, 7 plataformas de voto feminino que reúnem não apenas as informações sobre as candidatas mulheres, como também uma grande variedade de conteúdos para quem deseja se inteirar melhor sobre a política no Brasil. Acompanhe! 1. Elas no poder A ONG Elas no Poder foi fundada em 2019 por Karin Vervuurt e Letícia Medeiros, que haviam criado uma empresa de pesquisas e consultoria política no ano anterior. Ao adentrar no universo político, elas perceberam o quanto esse espaço era dominado por homens e o quão difícil era para as mulheres obter recursos financeiros e apoio político para as campanhas eleitorais. Atualmente, a ONG conta com mais de 60 voluntários em todo o país e oferece apoio tanto para mulheres que pretendem se candidatar quanto para quem deseja conhecer melhor o sistema político brasileiro.Além da plataforma Im.pulsa, que falarei em detalhes no próximo tópico, ela vem atuando com diferentes conteúdos e projetos, tais como: Manual Campanha de Mulher: um manual que ensina o passo a passo para a montagem de uma campanha eleitoral eficiente; Pesquisa Nacional do Perfil da Mulher na Política: relatório de uma pesquisa realizada a nível nacional, com mais de 400 pessoas sobre o cenário da mulher na política, em conjunto com o projeto Me Farei Ouvir; #elasconectam: um projeto que visa unir as mulheres que desejam se candidatar com as pessoas que pretendem se voluntariar em campanhas femininas; Mentorias e Capacitação: projetos realizados antes do período eleitoral para capacitar mulheres que pretendem pleitear um cargo político. 2. Im.pulsa O Im.pulsa é uma plataforma online feita por e para as mulheres. Ela é destinada a candidatas e suas equipes de campanha, principalmente aquelas que não têm acesso aos recursos dos partidos, e também para as mulheres que buscam participar mais ativamente da vida política de suas cidades, em toda a América Latina. A plataforma oferece diversos cursos, agrupados por trilhas de conhecimento, que proporcionam uma formação completa e abrangente. São muitas horas de aulas que trazem os melhores conteúdos para campanhas eleitorais femininas muito mais potentes. 3. Vote Nelas O Vote Nelas é um coletivo que busca aumentar a visibilidade das mulheres na política. Por meio das redes sociais, ele traz informações importantes sobre as conquistas das mulheres, em especial das políticas, e fomenta as candidaturas e o voto em candidatas mulheres. Entre as ações do coletivo, está a realização de lives com importantes profissionais do universo político que ajudam a trazer conhecimentos mais aprofundados sobre o assunto. Durante o período eleitoral, é promovida uma campanha de incentivo ao voto em mulheres com o uso da hashtag #vemvoteemmulheres. 4. Vamos Juntas na Política O Vamos Juntas na Política é um projeto suprapartidário idealizado pela Tábata Amaral, 6ª Deputada Federal mais votada do estado de São Paulo, e a segunda mulher mais votada do Brasil, com reconhecimento nacional e internacional em suas funções políticas junto à sociedade. O projeto oferece mentoria, formação política, apoio em rede e desenvolvimento pessoal para ajudar mais mulheres a serem eleitas no país. Ele conta com trilhas de conhecimento com materiais diversificados, que ajudam tanto a compreender o cenário político das mulheres no Brasil quanto a identificar as ações necessárias para a realização de candidaturas com chances reais de eleição. 5. #MeRepresenta O #MeRepresenta é uma ONG que nasceu da união de várias entidades de lutas feministas, antirracistas e por igualdade de direitos para o público LGBTQI+. Seu foco é conectar eleitores aos candidatos e candidatas que melhor representam os seus interesses enquanto população minorizada. Na plataforma criada pela ONG, as pessoas que estão pleiteando um cargo se cadastram e informam as suas pautas de campanha. Após o período de inscrição a ferramenta é aberta ao público, que pode realizar pesquisas mais detalhadas para encontrar o candidato ou candidata que pretende atuar nas causas que melhor lhe atendem. Após o período eleitoral, a ONG realiza uma apuração de dados que ajuda a compreender melhor o cenário político brasileiro e, até mesmo, a tomar melhores decisões nas próximas eleições. 6. Instituto Marielle Franco O Instituto Marielle Franco é uma ONG criada pela família da vereadora Marielle Franco, que foi assassinada em 2018, e tem como principal objetivo inspirar, conectar e potencializar mulheres negras, LGBTQI+ e periféricas a lutar por um mundo mais equânime. Entre as ações do instituto a criação da PANE — Plataforma Antirracista Nas Eleições — merece destaque. A PANE promove ações que ajudam a combater o racismo e a misoginia na política e já conta com duas frentes em andamento. A primeira é uma conquista importante junto ao TSE para pela distribuição proporcional de financiamento e tempo de propaganda para candidaturas negras nas eleições, que começa a valer em 2022, mas que já começa a ser usada como instrumento de pressão aos partidos ainda em 2020. A segunda é a Agenda Marielle, um conjunto de compromissos com pautas e práticas feministas, antirracistas e populares a partir do legado de Marielle Franco. São 7 práticas e 7 pautas que foram elaboradas a partir dos projetos de lei que a vereadora se empenhava durante seu breve mandato e que mostram o compromisso com a causa feminista, antirracista e em prol da população LGBQI+. 7. Vai ter mulher sim O Vai Ter Mulher Sim é um movimento suprapartidário nacional que acredita que o lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive no poder. A rede está presente em todas as regiões do Brasil e tem como missão eleger o maior número