O Carnaval é muito mais do que festa e diversão – ele é um ato político. Desde suas raízes, a festa foi um espaço de resistência popular, onde grupos historicamente marginalizados puderam ocupar as ruas, expressar suas identidades e desafiar normas sociais impostas. Nos blocos, nos desfiles e nos sambas-enredo, a festa sempre carregou discursos que falam de luta, memória e pertencimento.
A origem do Carnaval no Brasil está diretamente ligada à cultura afro-brasileira, ao samba e às manifestações de rua, que foram criminalizadas por muito tempo. Hoje, ainda vemos tentativas de elitização da festa, mas a essência do Carnaval segue viva: é o povo na rua, celebrando a liberdade e reafirmando sua história. Cada escola de samba carrega narrativas que resgatam injustiças, exaltam figuras importantes e denunciam desigualdades sociais.
Além disso, o Carnaval se tornou um espaço de luta por direitos. Movimentos feministas reforçam a importância do consentimento e do respeito nas ruas, enquanto a população LGBTQIA+ encontra na festa um lugar de celebração e visibilidade. Cada fantasia, cada música e cada ocupação de espaço nas avenidas representam um posicionamento político, mesmo quando não percebemos.
Ao longo dos anos, o Carnaval também se tornou um reflexo do cenário político do país. Sambas-enredo e manifestações dentro da festa são frequentemente usados para criticar governos, denunciar desigualdades e reafirmar a identidade cultural brasileira. A festa resiste porque o povo resiste – e enquanto houver Carnaval, haverá um Brasil que se expressa e se reconstrói.
Portanto, curtir o Carnaval vai muito além do entretenimento. É participar de um movimento cultural que há séculos desafia as estruturas de poder e fortalece a identidade do Brasil. É ocupar as ruas como nossos ancestrais fizeram e reafirmar que a alegria também pode ser um ato de resistência.