No dia 24 de fevereiro celebramos o dia da conquista do voto feminino no Brasil. A data, que é de extrema importância para a democracia do país, é também uma oportunidade de reflexão sobre os impactos que a ambição exerce sobre as nossas vidas e na vida de outras pessoas.

No artigo de hoje, eu quero convidar você a olhar para a história das mulheres na política sob uma perspectiva diferente da habitual, que se encontra nos livros e artigos disponíveis na internet. Vou falar um pouco sobre as mulheres que foram decisivas para a conquista do voto feminino no Brasil, mas vou abordar também a semente de ambição que elas deixaram e as conquistas que delas germinaram.

Por fim, vou falar sobre o nosso papel na participação política do país e como a nossa ambição por uma sociedade mais equânime é fundamental para vivermos em um mundo melhor. Boa leitura!

Mulheres que foram decisivas para a conquista do voto feminino no Brasil

Não dá para falar sobre a conquista do voto feminino no Brasil sem citar alguns nomes que foram determinantes nesse cenário. Como temos bastantes materiais sobre o tema disponíveis, não vou me delongar nesse tópico, mas se você quiser se aprofundar na história do voto feminino, sugiro que leia o e-book O voto feminino no Brasil, escrito pela Teresa Marques e publicado pela Câmara dos Deputados.

Aqui, vou abordar 3 mulheres que se destacaram na época da conquista com seus feitos e os efeitos que eles causaram. Acompanhe.

Bertha Lutz

Bertha Lutz foi zoóloga, formou-se na França e esse período vivido por lá plantou nela a semente de tudo pelo o que ela passaria a lutar ao regressar ao Brasil. Mesmo exercendo sua profissão em órgão público, ela fez questão de atuar em prol do feminismo e fundou, em 1919, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Ela foi a principal voz das mulheres na luta pelo direito ao voto, desde as ações cotidianas no levantamento de abaixo-assinados e diálogo constante com parlamentares, até a participação em grandes eventos internacionais, representando o Brasil. Seu último grande feito foi aos 81 anos, em 1975, quando representou o Brasil na Conferência Mundial sobre o Ano Internacional da Mulher e foi delegada titular do Brasil na Comissão Interamericana de Mulheres.

Leolinda Daltro

Fundadora do primeiro partido feminino do Brasil, a indigenista Leonilda Daltro era filha de mãe índia e pai português. Após separar-se do seu primeiro marido, tornou-se professora e começou a defender a educação laica da população indígena. Com o passar do tempo, observando as dificuldades que enfrentava em seu projeto educacional, ela percebeu que era preciso emancipar as mulheres para que houvesse mudanças significativas na sociedade.

Em 1910, ano em que as mulheres não podiam votar ou serem votadas, ela fundou o Partido Republicano Feminino, pelo qual organizava passeatas, requeria participação em assembleias e pressionava os políticos da época pelos direitos das mulheres. A conquista do direito ao voto veio apenas em 1932, 3 anos antes de sua morte.

Alzira Soriano

Em 1927, o governador do estado do Rio Grande do Norte sancionou uma lei estadual que permitia o voto feminino naquele estado. No mesmo ano, Alzira Soriano se tornou a primeira eleitora da América Latina e, no ano seguinte, se lançou candidata à prefeitura de sua cidade, Lages, e ganhou a cadeira com uma votação bastante expressiva, de 60%. O feito foi tão revolucionário que ganhou uma manchete no The New York Times. 

Em sua gestão ela focou em educação e obras estruturais, mas seu mandato não durou muito tempo. Com o golpe de 1930, sua prefeitura foi destituída. Getúlio Vargas a convidou a voltar a assumir, mas ela não estava de acordo com as suas diretrizes.

A semente da ambição por igualdade deixada por essas mulheres

Ao olhar para essas histórias, fica visível que essas 3 mulheres compartilham de algo que vai além do feminismo em si. Todas elas foram ambiciosas, todas elas almejaram conquistar algo que proporcionaria uma vida melhor para elas e para toda a sociedade. 

Notem, também, que nenhuma delas tinha uma vida ruim ou sofrida. Eram todas de classe média, com uma situação financeira confortável. Elas não estavam insatisfeitas com aquilo que já possuíam, mas isso não lhes tiravam o desejo de ter um futuro diferente.

A conquista do voto foi apenas o primeiro passo. A partir dele, muitas outras mulheres realizaram feitos políticos que nos beneficiam até hoje, como as cotas de mulheres nas candidaturas e o percentual de verba destinada às candidatas mulheres nos partidos. Se hoje lutamos por mais mulheres na política e por melhores políticas públicas é porque elas foram em busca daquilo que acreditavam e plantaram em nós essa mesma ambição.  

Nosso papel atual na participação política do país

Como sabem, sou uma mulher politicamente ativa e acredito que precisamos estar mais próximos desse ambiente de discussão para termos uma sociedade mais justa. Não dá para nos conformarmos com as conquistas feministas do hoje. Somos agradecidas e felizes com os direitos que temos, sabemos e valorizamos a luta das nossas predecessoras e é justamente por isso que devemos seguir adiante.

Eu tenho uma máxima de que mulher deve votar sempre em mulher. Somos a maioria da população e, votando em nós mesmas, teremos mais representatividade feminina. Ao meu ver, o nosso papel como cidadãs é o de seguir uma luta que data de mais de um século por mais igualdade de direitos entre gêneros.

Vou finalizar este texto com um recado muito importante. Por mais que tenham lhe dito a vida toda que você não pode fazer algo porque não é coisa de mulher, ou porque você deve ser grata à vida que tem, lembre-se dessas mulheres que não precisavam lutar pela conquista do voto feminino, mas elas quiseram. Se você quer algo, lute por isso. Lute por suas conquistas e acredite na sua capacidade de mudar a sua vida e o mundo.

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